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segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

O natal e o rabo

Todos os natais juro a mim mesma que me vou controlar, que vou comer poucos doces, quase nenhum frito, que vou mergulhar na fruta e empanturrar-me de couves típicas do farrapo velho. Tudo para que o meu traseiro não atinja um tamanho digno de me chamar Miss Piggy (dos marretas) sempre que me olho ao espelho. Juro, igualmente, beber muita água e mergulhar de cabeça em chá-verde. São sempre assim as minhas resoluções de natal. Depois vem o dia 24 de dezembro e acordo com o cheiro de uma bola de carne feita no forno de lenha da minha mãe e trinco-a sem pesos na consciência porque, a essa altura, sei que será o único pecado de gula que vou cometer. Chego à cozinha e as putas das rabanadas, os filhos da mãe dos sonhos, as sacaninhas das fritas de bacalhau chamam-me e aí começa o descontrole. Vou devagar, com uma trinca pequenina, e depois outra e zumba, toca a encher a mula porque afinal vim de África e passei fome o ano todo; porque nunca tenho comidinha. Toca a enfardar porque amanhã, no dia seguinte, pode, por um motivo qualquer que na hora me parece racional, não haver comidinha nenhuma na mesa e ter de lamber as migalhas. Oh valha-me Deus, quando será que em vez de uma resolução de Natal de comer pouco vou ser honesta e vou resolver comer sem pesos na consciência? É que assim engordo o mesmo e o raio da comidinha até me vai saber melhor.

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