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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Restaurante sala 209

Na rua de S. Bento, mais precisamente no complexo das piscinas de S. Bento, existe na sala  209 um restaurante. À primeira vista parece frio, porque o chão é de pedra e é muito grande, mas depois começa a ganhar corpo e alma. Quem o gere é um moço, de camisa amarrotada e um ar negligé, mas curioso, um tipo curioso. Voltando ao restaurante, todo o espaço está cheio de mesas, cadeiras, móveis, candeeiros (ah os candeeiros), copos e louça antiga. O Zé Pedro, assim se chama o dono, tinha uma loja de velharias e móveis com alma e fechando-a resolveu levar para o restaurante as peças. Tudo está à venda. Se gosta dos copos que perfazem a sua mesa, pode comprá-los; se é da mesa e das cadeiras, pergunte-lhe quanto é. Se gosta do móvel do fundo, é só paga-lo e leva-lo para casa e assim sucessivamente. Parece-me, inclusive, que até o Zé Pedro poderá ter um preço, mas isso sou eu que o digo, sem comprovativo algum. Eu ando louca por um carrinho de chá que por lá existe, em que a rodas já guincham mas que é belíssimo e ficava a matar na minha sala. E sempre que lá vou tenho vontade de meter ao bolso uns copinhos verdes bem giros que me fazem lembrar a casa de uma tia-avó. Gosto do conceito e mesmo a comida, feita por um chef Cubano, é boa. Lembro-me de uma pescada em cama de puré de brócolos com molho pesto que foi de comer e chorar por mais. E ainda choro de saudades do bolo de chocolate com jindungo. E já que estamos a falar de chorar, se forem a este restaurante, por nada deste mundo peçam o vinho da casa. Este sim, é de chorar ao contrário do bolo, por ser mau, mau, mau. Mas basta contornarem esta pequena situação e aquele espaço transforma as nossas horas, as nossas refeições em bons momentos. Eu quero lá voltar, pelo bolo, pela pescada, mas também por um determinado candeeiro e o raio do carrinho de chá que ficava a matar na minha casinha. Mas pedindo a carta de vinhos para que possa escolher algo que escorregue pela minha garganta com ligação directa à minha alma.
A fotografia não é a melhor, mas dá para ver um belo candeeiro que faz as minhas delicias. Pena não caber na minha mala, senão...

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