Páginas

quinta-feira, 31 de março de 2011

Insistir

Francisco José Viegas diz no editorial da revista Ler «Se fosse necessário insistir uma e outra vez, mesmo assim valeria a pena», refere-se ao futuro do livro, mas eu descontextualizei -a porque no momento em que a li só me lembrei deste nosso pedaço de terra à beira-mar plantado que é o nosso Portugal. Vale a pena, mesmo depois de todas a ilusões antecedes das desilusões, depois de nos sentirmos mergulhados num mar de angústias, sufocados, espartilhados, enganados e vilipendiados por anos e anos de maus, péssimos, degradantes, mentirosos políticos, lutar por um futuro melhor. Insistir. Uma e outra vez.  Agarrarmos nos cornos do touro. O cansaço não pode ser meu. Não pode ser de uma classe trabalhadora, média, com filhos e que foi, até aos dias de hoje, levada ao colo. Devemos, no mínimo, não desistir e insistir. Pode ser com um voto. Com um texto. Com voz dizer que isto não nos serve. Noto que pelo caminho da vida vamos caindo que nem tordos. Cansados disto tudo. Justificamo-nos dizendo que são todos iguais. Mas mesmo que assim seja, obrigo-me a escabichar na sociedade alguém que se entregue à causa pública com a solenidade que o acto merece. E seja à esquerda ou à direita, exigir-lhes, no mínimo, que no máximo dêem o seu melhor. Devo isso aos meus pais, que lutaram pela liberdade que possuo, mas devo isso também à minha filha que desejo um futuro risonho e ele não chega se no presente não formos capazes de o construir.

Sem comentários:

Enviar um comentário