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sexta-feira, 11 de março de 2011

wine - essência do vinho

Comprei  a revista Wine porque gosto.  Gosto do design (para mim fundamental numa revista), gosto da linha editorial e gosto dos cronistas – embora alguns digam aquilo que todo o mundo já saiba e nada de novo acrescentam. Tudo bem, vamos em frente. Esta ultima aquisição da Wine entusiasmou-me porque trazia uma shopping list, que em português, embora não fique tão bonito de dizer mas verdade é que estamos em Portugal, dá-se o nome de lista de compras. Ora bem, como eu gosto que me orientem um pouco nesta coisa dos vinhinhos, até porque com a oferta que existe ou somos intrinsecamente orientados ou nunca mais vemos o norte, estas iniciativas são sempre bem-vindas. Então pego na listinha que em muito boa hora entenderam fazer descartável para andar no bolso, e vejo logo em primeiro lugar para não dar azo a grandes abanos «Abandonado 2007 – 60,00 €» Muito bem, este está assim fora daquilo que um vinho pode custar para uma funcionária pública como aqui a je. Respiro fundo e vou ao segundo da lista (atenção, aqui ainda estava muito entusiasmada e creio que até salivava de emoção) «Charme 2008 – 61,50€» Toma lá mais um assim para o económico. Até aqui só vinhos que qualquer casa portuguesa, que não seja a do Amorim e o Sr. Belmiro, podem adquirir para consumo diário. Voltei a olhar para ver se não havia engano e lá estavam os números 61. OK, em frente. Fui, com o entusiasmo a desvanecer  para o terceiro «Quinta Vale D. Maria 2008 – 25,00». BOA. BOOOAAA. Afinal esta malta também encontra bons vinhos a preços mais convidativos. Boa. Conseguiram. Lindos meninos. Mergulho na minha mala, busco uma caneta e faço uma grande roda à volta do nome. Risquei tanto à volta que o segundo ficou mergulhado na tinta da caneta, mas também a 61,50 eu não em importei. Vamos ao quarto já com o ânimo firme «Quinta do Noval Vintage 2008 – 105,00€» e antes que caiam da cadeira este não conta para ataques cardíacos porque é um vinho do Porto. Sigamos «Vinha do Contador 2009 – 20,00€», mais uma rodinha à volta do vinho e pronto, para não vos maçar, a partir daqui foi sempre a subir, que é como quem diz, a descer para longe do meu horizonte. Eles eram Vinha do saturno, Ex-Aequeo e Quinta do Noval a 40 euritos, ou um Batuta a 60 broas, ou um CV – Curriculum Vitae a 55, ainda conseguíamos um bom vinho pela modica quantia de 26 euritos que é o Quinta da Leda, mas perante o cenário fui achando que este não devia ser bom, pobrezito. E foi assim, entre os trintas, os quarentas, cinquentas e sessentas que estão os vinhos recomendados para as famílias portuguesas beberem. Se calhar faltou no folheto a palavra ‘em dias de festas’. Eu cá vou andando entre os meus vinhos que fazem as minhas alegrias numa quantia razoável que vai até uns 25 euritos. Nas festas, nos dias santos, depois de uma garrafa a 25 euritos, talvez vá de emborcar uma de 50 aérius, até lá, espero que estas revistas e esta malta que trabalha na promoção deste nosso produto de eleição, se dê ao trabalho de dar a conhecer vinhos menos conhecidos, igualmente bons e mais em conta a ver se aumentamos o consumo do vinho em Portugal. Senão, que a nossa restauração adira, cada vez mais, ao vinho a copo.

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