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segunda-feira, 11 de abril de 2011

Os dias para sempre com a E.



Tenho com a amizade a mesma dificuldade de falar ou explicar que tenho com o amor. Para mim ambos os sentimentos têm muito de indizível. É assim quando se trata do que se sente de puro e verdadeiro. Dizemos ‘ amo-te’. Ou ‘adoro-te’. Ou ainda ‘gosto muito de ti’. E fica-se com a sensação de longe, de ficar aquém. De ‘não chega’. E porque é que não chega? Por que por um lado banalizamos as palavras e com isso receamos banalizar o sentimento quando as dizemos; por outro lado, temos receio que a carga com que as dizemos seja diferente da carga com que a pessoa a quem nos dirigimos a ouça. Por isso, este post pode ficar aquém do sentimento com que o escrevo. Sinto mais, muito mais do que as palavras conseguem dizer. E a que propósito vem isto? No passado sábado a minha melhor amiga (adoro o termo porque me remete para a minha infância, quando divulgávamos com orgulho quem era a nossa melhor amiga) passou lá por casa para lanchar. Eu fiz uma limonada e ela levou uns scones e um doce de abóbora e noz. Assim que chega diz: Olha, fui à fnac e comprei isto para ti. O ‘isto’ era uma agenda com frases do Valter Hugo Mãe que ela sabe que eu adoro. Ela viu, pensou em mim e comprou. Assim, sem mais nem porquê, só porque eu gostava. A amizade é isto. O ‘amo-te’ é isto. O ‘adoro-te é isto: ver, lembrar e oferecer. Pode também ser ir ver ao hospital; fazer um bolo, telefonar só porque sim, abraçar forte, chorar quando estamos mal e rir para partilhar uma alegria. Pode ser isso, mas é também, sem qualquer dúvida, dar a agenda ‘os dias para sempre’. E correndo o risco de me meter completamente no chinelo, acabo dizendo que anseio que a nossa amizade esteja presente nos nossos dias, para sempre.
Adoro-te, amo-te e gosto muito de ti, E.

3 comentários:

  1. A banalização das palavras destruiu-lhes o seu sentido mágico e profundo.Vulgarizou-as.Amor já foi um sentimento profundo,de uso intimo,de permuta restrita e de funções encantatórias embora carregado de vários sentidos.Era o amor de pais para filhos e vice- versa era o amor dos amantes.Hoje por tudo e por nada se ama.O que significa que se não ama:gosta-se apenas.Amor era o que sentia o Ernesto Sampaio quando emocionalmente morreu perante a morte fisica da companheira,Fernanda.E escreveu-o.De forma que nos leva a um patamar que nos obriga a ser muito exigentes quendo utlizamos a palavra amor.

    JMC.

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  2. Nunca li o livro Fernanda, nunca. Tive receio de sucumbir à dor. Mas vergo-me sempre perante amores grandes, sempre.

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  3. Pois é minha mana querida, todos os dias são nossos. Os passados (12 anos de história em comum), os presentes (onde os risos dos nossos filhos nos preenchem a alma) e com aquela certeza inabalável que nos une, os futuros também. E sendo uma amizade construída de pequenos nadas que afinal são tanto, de muitas cumplicidades que nos fazem passar por "excêntricas", de um respeito imenso e de uma partilha de princípios quase gemelar, chego aquela certeza que encontro no nosso abraço: as nossas vidas estão inexoravelmente entrelaçadas.O teu bem é o meu bem. As tuas dores são as minhas. O meu sorriso bebe do teu.És o meu porto de abrigo. Obrigada por tudo e por acrescentares tanto à minha vida. Enriqueces-me. Todos os dias. Adoro-te C.

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