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quinta-feira, 5 de maio de 2011

resposta à senhora Emília Cruz


Primeiro pensei em não responder. Depois pensei em fazê-lo de forma rude. Por fim, entendi dirigir-lhe umas palavras, comedidas, porque entendo que nunca devemos recuar perante a educação de um povo. E eu gosto de educar.
Quando a senhora me mandou um e-mail a dizer, referente a este meu post aqui «nunca se intitule uma crente porque uma verdadeira crente aceita os desígnios de Deus» eu tive pena. Se a ideia era essa, conseguiu, tive pena de quem não se comove com o amor, mesmo que seja alheio. Tenho pena sempre de quem, coitados, vivem dentro de um frasco de horizontes reduzidos. Pena, tive pena, efectivamente.
 Se a ideia era fazer-me ver a luz e arrepender-me, pois, a luz vi-a quando olhei pela primeira vez para a minha filha. A senhora não os deve ter… se os tem, eles mereciam uma mãe com um amor maior, incondicional, daquele amor único, intenso, quase mortificante que só uma mãe sabe e consegue ter. Uma mãe capaz de tudo enfrentar só para ter nos seus braços um filho.
Se a ideia era arrepender-me um segundo que fosse de ter a minha filha, pode imaginar que isso, nem a escrever consigo fazer.
Se a sua ideia era preconizar, imbuída numa fé que respeito, as leis de Deus, digo-lhe que não é ou foi talhada para isso, porque não ama o suficiente para o fazer. Só quem não ama como eu amo, pode ser como você é; só quem não sabe o que é colo de mãe ou colo de filha pode escrever os que escreveu. E eu, cara senhora, amo e sou amada.
Se a sua ideia era irritar-me, também não conseguiu. Aqui a resposta também é, mais uma vez, o amor: sentindo-o funciona como que um escudo que me protege de gente como a senhora. Repelo tudo e todos que não me querem bem, ou pior, à minha filha.
Se a ideia era fazer-me entender que devemos sempre aceitar os desígnios de Deus e nesse momento nada fazer, sugiro que quando tiver uma dor de cabeça não tome aspirina, se tiver um cancro, não se tente curar, se for atropelada fique estendida no chão à espera da cura divina,  quando tiver uma qualquer dificuldade diária, não procure solução, fique em casa, de joelhos a rezar. É o melhor que faz. E na dor procure conforto para os achaques, na dor e nunca na ciência. Ciência essa besta que connosco convive.

1 comentário:

  1. Fiquei arrepiado a ler "resposta à senhora Emília Cruz". É triste existirem ainda mentalidades como a dessa senhora mas a resposta não poderia ter sido melhor. Nem sei explicar bem aquilo que senti, uma alegria enorme pelo amor que existe entre mãe e filha, orgulho em pessoas assim que defendem quem amam com unhas e dentes. Tenho pena por não saber escrever como a nossa cara "Frida" e por meio de palavras expressar aquilo que senti. Parabéns mais uma vez pela pessoa e mãe que mostra ser.

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