Decidi baptizar a minha filha na terra dos avós paternos. Para isso fui falar com o padre de lá, isto há uns dois meses. Expliquei-lhe que não era de lá mas que gostava de baptizar a minha filha na terrinha dos avos e perguntei-lhe o que precisava de fazer. A pergunta que ele me fez surpreendeu-me:
- Que fazer as coisas legal ou ilegalmente?
Pensei que fosse um teste à minha veia católica e à minha conduta e, como tal, respondi:
- Legalmente, senhor padre.
Ao que ele responde depois de uma grande suspiro:
- Bolas, isso assim dá mais trabalho. Se fosse ilegalmente fazíamos o baptizado e depois levava na cabeça mas já estava feito.
Gostei dele, confesso. Prático e com piada. Este fim de semana voltei para falar com ele mais uns pormenores. Resolvi assistir à missa para no fim falar. A missa nunca mais acabava. Comecei a ver pessoas a saírem ao fim de uma hora e meia. Foi-se esvaziando aos poucos a igreja. Ele lia uma e outra Leitura. Falava de um e outro assunto. Por vezes calava-se uns segundos como que em busca de um pensamento e lá voltava. Assim foi quase três horas. Restei eu e umas 5 velhinhas. Uma delas explicou-me:
- Ele tem Alzheimer e cada vez está pior. Esquece-se a meio de onde vai e recomeça.
Temi pelo batizado da minha filha.
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