Nada me espanta mais na vida do
que conviver com alguém anos e anos, partilhar segredos, ideias, vivências,
saber-se tanto daquela pessoa e um dia descobrir que nada se sabia, afinal de
contas. Que há pessoas que são duas ou três. Que àquela cara que conhecemos ao
pormenor afinal corresponde uma outra cabeça, por sinal má, mesquinha,
matreira, falsa. Estranhamos, primeiro, depois dói muito e, de seguida, fica
uma dor de perda. Porque se trata disso: da perda de alguém que nunca mais
veremos. De um alguém que desapareceu para dar lugar a outra… Custa este luto.
E como todos os lutos, uns dias dói mais que outros. Hoje dói um pouco mais do
que na semana passada. Talvez para a semana que vem doa menos que hoje.
A montanha de Paulo Galindro |
Sem comentários:
Enviar um comentário