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terça-feira, 13 de novembro de 2012

As cinquenta sombras de grey


Andei a evitar falar do livro ‘As cinquentas sombras de Grey’. Quando esteve para sair andava entusiasmada, tudo porque me disseram que vinha aí uma trilogia similar à do Millennium. E só eu sei como gostei desta ultima e aquilo entusiasmou-me. Depois meteram-se as férias, outros livros, outras aventuras e As cinquenta sombras de Grey foram ficando para trás. Depois o Nuno comprou e devorou-o em dois dias e pensei em comprá-lo. De seguida a Eduarda começou a ler o dito cujo mas não conseguiu passar da pagina 40 e eu fiquei dividida. A única forma de desempate era ler o raio do livro. Creio que o meu subconsciente sabia o que aí vinha porque adiei sem motivo a sua leitura. E chegou o dia. Comecei e aquilo foi parecido, muito parecido, com o sofrimento que senti quando na escola tive de ler o Auto da Barca do Inferno (blhaccc). A linguagem é pouco cuidada, infantil, pouco desenvolvida e tem frases como ‘a voz dele era como um brigadeiro de caramelo derretido’, hein?! Como? Desculpa? Repete lá? Mas sempre pensei que quando chegasse à parte erótica a coisa compunha-se. Como não se compor? Pois, não se compôs. A desgraça completa, gente. A história é breve e pouco verossímil: uma rapariga linda de morrer, boa todos os dias, de 21 anos, americana, culta e virgem (enfim…) apaixona-se por um homem riquíssimo, podre de bom, de trinta aninhos, romântico e completamente maluco na cama. Resultado: ela que é virgem assumidíssima deseja ardentemente perder a virgindade com ele e ele quer levá-la para os seus jogos sexuais que envolvem chicotadas, algemas, grampos and so one. E pronto, numa página a virgem assumida não sabe o que fazer e na página seguinte já faz o pino com o rapaz. Assim, a seco, bem, a seco não porque ele tem o cuidado dos cremes, óleos e afins. Mas a história está tão mal contada que, ainda virgem, há uma altura em que ele lhe apalpa as mamas e ela tem um orgasmo. O seu primeiro orgasmo. Acompanhem-me: na linha anterior nunca fez nada com ninguém, nunca se masturbou, nunca se envolveu com rapaz, na linha seguinte ele apalpa-lhe as mamas e ela tem um orgasmo. Nesta altura pensei em desistir, mas depois e porque não gosto de deixar nenhum livro a meio, segui em frente. Mas um pouco mais à frente estava o motivo porque fechei o livro para não o voltar a abrir. Ele resolve tirar-lhe a virgindade até porque é algo que ela lhe suplica com enfase que o faça e assim que a penetra fica quieto a olhar para ela e ela para ele e eis que ele lhe faz a seguinte pergunta:

 - Posso mexer-me?

Eu acho que ela deveria ter dito que não, que iam ficar ali assim, quietos, a olhar um para o outro e que o primeiro a rir perdia o jogo...

Não sei como é que o livro pôde ter o sucesso que teve e tem tido, não sei. Nada nele é interessante, bom, com nível, nada. E se gostam de erotismo, leiam Milan Kundera e vejam o que é bom para a tosse o corpo (sorry Nuno J).

2 comentários:

  1. Ahahahah! Amei!
    Adorei, essencialmente, o facto de todas as descrições da parte "vá do amor" incluirem a expressão "o sexo dele retesou-se". Espectacular!

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  2. :) um mimo, certo? (por favor não me digas que o leste até ao fim...)

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