Gosto muito de viver onde vivo,
mas os meus vizinhos são de uma casta superior, uma malta meia pretensiosa e
cheia de tiques e manias. Aquilo é tudo malta que não dá confiança a quem não
ande de cu sentado num belo BMW ou Mercedes. Até as empregadas domésticas têm
carros melhores que o meu querido e amoroso smart. Ligo pouco a isso, ou para ser
sincera, não ligo absolutamente nada. Ontem estava em casa e ouvi uma discussão
na rua. Achei estranho, ali ninguém discute nem fala alto, não é fino nem digno
de malta com aquele calibre. Fui à janela e uma senhora ao sair do
estacionamento bateu noutra que ia a passar. E lá não se entenderam e vai daí
toca a discutir. E ambas tinham ultrapassado os seus limites da boa educação
(ui, ui) e vai daí desataram a (tentar) chamar nomes uma à outra e o ridículo
instalou-se. Diziam: ‘Você merece que a mande àquele sítio!’ E a outra
replicava: ‘Olhe, a esse sítio vá você’. E a outra num tom mais alto dizia:
‘Você não vale nada, parece daquelas mulheres sem princípios, sabe, da rua’, ‘
nem diga uma coisa dessas que nem sei o que sou capaz de lhe fazer! Isso são
coisas de quem não sabe o que diz’ e por aí fora. Uma discussão que nunca teve
uma asneira dita de forma explícita. E veio-me à memória um episódio que se
passou com uma amiga minha há algum tempo. Ia ela no seu carro quando um
senhor, num outro carro, fez uma manobra que a colocou em risco de bater. Ela
danada, furiosa, cheia de ganas assim que o viu parado, estacionou atrás dele,
sai do seu carro e dirige-se ao carro da besta, bate na janela, o senhor abre a
janela e ela muito danada, muito furiosa, muito fula diz-lhe:
- O senhor, bem, o senhor é mau!
Sem comentários:
Enviar um comentário