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sexta-feira, 16 de novembro de 2012

E quando nos apetece mandar A, B ou C para aquele sítio.

Há uns anos atrás tinha um chefe que era assim um tipo, digamos que, pouco simpatico (isto sou eu a ser simpática). Ele nunca entendeu como era possível que os seus funcionários ficassem doentes. E eu também acho que a alguém ter de ficar doente deveria ser ele. E numa das minhas operações à coluna, coisa que o moia visceralmente porque ia ficar ausentente uns tempos (claro que eu deveria ser capaz de me levantar após a cirurgia e ir a correr para o trabalho) ele reagiu muito mal. E embora já tenha sido há uns bons anos lembro-me perfeitamente a frieza com que me tratou nos dias que antecederam esta mesma operação.
No dia seguinte à operação estava eu no quarto do hospital quando ele me liga para o telemóvel. Pensei que se iria retratar, que teria chegado à conclusão que fora incorreto e que iria ser simpático, mas a primeira coisa que o animal me diz é:

 - e então essas férias, como estão a ser?

Claro que não perdi a oportunidade de lhe dizer que esperava que as dele fossem tão boas como estavam a ser as minhas. Isto tudo para dizer que em momentos de fragilidade acho de mau tom alguns comentários ou tentativas de piadas. E isto veio-me à memória porque estou com a minha filha doente há dois dias. Uma espiral de sintomas e queixas que me tem feito conhecer de olhos fechados o Hospital da Luz e creio que ando perto de ter corrido todos os pediatras que lá fazem urgência. Por isso não tenho ido trabalhar  e eis que hoje, um colega meu, sabendo da minha ausência por causa de ter a minha filha doente mandou a seguinte sms:

 - Confessa lá, a filha doente até deu jeito para fazeres as compras de natal, certo?

Primeiro ainda pensei que o tipo tinha tido um avc que justificasse ficar com a parte do craniozinho (muito, muito pequenino)que pensa, sem pensar;

depois pensei que deveria ter-me visto algures numa loja, mas logo de seguida pensei que isso era impossivel porque só saí de casa para ir ao hospital e à farmácia;

de seguida pensei que afinal era apenas um daqueles que gostam de aligeirar a coisa com piadas, não a tendo;

E eu que acho que com isto das doenças a unica pessoa que pode aligeirar a coisa é o proprio doente, tive de me por à altura da piada do moço e respondi:

E tu, para quando uma lobotomia?

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