Páginas

sábado, 17 de novembro de 2012

Nunca estamos preparados para levar um murro no estômago


Ir com a filha ao médico e sair de lá com a confirmação de uma pneumonia, é algo que nos deixa completamente desnorteados. Acima de tudo, fica-se a perceber, da forma mais crua e dolorosa possível, que nem todo o amor e cuidado do mundo podem proteger os nossos filhos de certos problemas. Na verdade, há uma pequena (demasiado grande) frincha que está em aberto e nela tudo pode surgir e nós nada podemos fazer. As doenças, as bactérias, os vírus são possibilidades que entram por esse espaço onde o nosso amor e cuidado nada faz, nada combate, nada pode. E é isso que me deixa vulnerável. É isso que me deixa preocupada e meia desnorteada. Pneumonia. A médica teve de repetir porque fiquei a olhar para ela com o ar mais incrédulo do mundo. Ela explicou-me como se eu tivesse seis anos e eu olhei para o RX da minha filha e vi as manchas e tive vontade de chorar. Elas tinham nascido com a minha filha a meu lado. Nos últimos dias não desgrudara dela e no entanto, eis as manchas a mancharem os seus pulmões. E eu nada pude fazer. Acima de tudo, veio-me uma vontade de chorar de impotência e de seguida, quis cair de redonda numa cama e dormir a ver se aquilo tinha sido um pesadelo. Não fiz uma coisa nem outra, porque o amor de mãe tem destas coisas: vamos buscar forças onde nem sabíamos que tínhamos. Agora é combater o raio da bactéria. A sacana que se alojou nos pulmões da minha pequenina. Não se desenganem: a vontade de chorar continua cá e a vontade de dormir também, mas se o faço, dou força àquela bactéria sacana que resolveu vir morar na minha casa sem convite.

2 comentários: