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terça-feira, 6 de novembro de 2012

O maestro, as putas e o vinho verde


O que eu gosto destes casos! O maestro Miguel Graça Moura foi a julgamento por gastos de dinheiros públicos indevidos. O homem gastou uns bons milhares de euros com despesas tais como joias, a ‘playboy’, lingerie, charutos, ou resumindo numa frase que o meu pai usa para estes casos: gastou dinheiro que não era dele em putas e vinho verde. Até aqui tudo bem, ou tudo mal se ele não for para a prisão refletir entre quatro paredes que aquilo que se gasta que não é nosso apenas tem um nome: roubo. Mas o curioso no meio disto tudo, para além de ficarmos de boca aberta quando lemos que gastou dinheiro num passeio de balão no Quénia por 3243, 72, gastou 699,00 em lingerie, roupão e camisas de seda na Tailândia (mas elas lá não trabalham nuas?), e 1014 em charutos em Cuba, como dizia, o que me espanta depois de tudo isto é a justificação dele. Pois bem, meus caros leitores, este animal diz em jeito de justificação o seguinte: ‘relativamente às despesas podem achar esquisitas mas foram bons atos de gestão’. Bons atos de gestão, como assim? Bem, se calhar para exercer bem as suas funções de maestro para nos dar musica precisava de ir às putas, andar de balão, fumar charutos, se calhar precisava, mas o que eu gostava mesmo era que fosse ver o sol nascer aos quadradinhos e que um preso, que goste de musica, claro, se faça passar por puta tailandesa e o sodomize, que esta gente mete-me um nojo real. Deixei de ter paciência para quem rouba a sociedade e depois fica com ar de cachorro abandonado como se tivessem a ser alvos de uma grande injustiça. Nunca fazem nada de mal. São sempre uns injustiçados. E para que se saiba, esta besta quadrada ganhava a modica quantia de 7800 euros mensais. Agora diz que anda de carro alugado e vive numa casa alugada e que tem a carreira destruída. Uma pena. Oh cutxi-cutxi, festinhas no bebé que ele precisa.

 E este país está assim porque há vários Migueis Graças Moura que estão anos e anos a gastar o que não é deles e só depois de provocarem danos é que são afastados, quando são. Uma cambada de gatunos. Ah, e estou a esquecer-me de algo muito importante: gastou dinheiro num body e numa saia no Porto, em perfumes e até um anel para o pé. Moderno e romântico, este tipo. Do mais romântico que pode existir, mas eu pergunto: como esteve tanto tempo a gastar o que não era dele? Mas não há nenhum órgão que fiscalize quem gasta dinheiro públicos? Ao primeiro body porque não se colocou o maestro a dar música na casa dele? À primeira puta tailandesa porque se deixou que ele se mantivesse? Achariam que era uma atividade cultural estar em cima de uma mulher a quem se paga com dinheiro dos contribuintes? Quem é que sabia e nada fez? Se os gastos decorreram entre 1996 e 2000 e se sabe onde ele gastou cada tostão, estou certa que ele não deveria ser o único a sentar-se no banco dos réus. As gentes não se mudam de o dia para noite, não mudemos os órgãos de fiscalização e veremos este país a afundar cada vez mais. Enfim, isto tira-me do sério. Vou tomar um chá de camomila. Que estou a  precisar

14 comentários:

  1. Eu lembro-me que isto fez correr muita tinta há uns valentes anos atrás. Estou espantado como decorreu este tempo todo e o caso ainda está a ser julgado. Imagino que na altura o cavalheiro, absolutamente certíssimo do superior desígnio que o orientava nesses gastos, terá continuado o regabofe. Bem o tentaram demitir, mas ele era inamovível. Alguém o terá defendido no dourado poleiro.

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  2. Ó João, somos um país de inamoviveis e por isso estamos assim. Obrigada por estar aí a ler- (me)

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  3. Eu é que agradeço, é sempre um prazer visitar o seu blog. Foi graças a ele que aprendi a fazer ovos mexidos (a la mano). Desde então tenho praticado quase que diariamente, com relativo sucesso, à hora do jantar (é bem melhor que os ravioli que fazia até então) :-)

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  4. :) Acho que falta pimento partido aos bocadinhos para que os ovos sejam de cair para o lado. UM lapso meu que na altura não retifiquei. De resto, raviolis comigo só os pré-feitos e mesmo assim a coisa não sai bem. Mas vou tentar aperfeiçoar outras comidas rapidas e boas para que não faça só ovos mexidos (o colesterol agradece mas o figado nem por isso). :)

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  5. Ah, mas os ravioli eram de supermercado! Só sabia cozê-los durante 4 minutos. Para mim foi um passo de gigante :)

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  6. :) então é melhor manter-se pelos ovos mexidos. Está a evoluir...muito :)

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  7. Resultados do julgamento hoje. O cidadão já informou que vai recorrer.
    Retirado do jornal "i" em 29/1/2013:

    O maestro Miguel Graça Moura foi hoje condenado a cinco anos de prisão, com pena suspensa, pelos crimes de peculato e falsificação de documentos, segundo o acórdão hoje proferido em Lisboa.

    O maestro estava acusado de utilização indevida de 720 mil euros do erário público e de falsificação de documentos.

    O tribunal decidiu que Miguel Graça Moura terá de pagar indemnizações compensatórias à Câmara Municipal de Lisboa, no valor de 30 mil euros, e à Associação de Música, Educação e Cultura (AMEC) um total de 690.494 euros, dos quais 200.000 euros terão de ser pagos no prazo de um ano.

    Em caso de incumprimento destes pagamentos, o maestro será detido, decretou o coletivo de juízes.

    A pena de cinco anos de prisão foi decidida em cúmulo jurídico, pois o tribunal condenou o maestro a quatro anos de prisão pelo crime de peculato e a dois anos de prisão pelo crime de falsificação de documentos.

    O advogado do músico fez constar que vai recorrer da sentença no Tribunal da Relação, porque Graça Moura "não se pode conformar com o acórdão".

    À saída, Miguel Graça Moura afirmou apenas que "o processo não está terminado", escusando-se a prestar qualquer outras informações.

    A advogada da AMEC considerou que "foi feita justiça".

    Na leitura da decisão, que demorou cerca de duas horas, a juíza que presidiu ao coletivo de juízes chamou a atenção e criticou a postura "de elite" do maestro durante o julgamento, evidenciando "estar acima do cidadão comum".

    Segundo a juíza presidente, Miguel Graça Moura "usou dinheiros públicos numa desproporcionalidade e com uma conduta reprovável" e demonstrou sempre uma "postura de alheamento à gravidade da sua conduta".

    Miguel Graça Moura presidiu à AMEC entre 1992 e 2003 e foi acusado pelo Ministério Público (MP) de, entre outros artigos, ter gasto 720 mil euros em artigos de lingerie masculina e feminina, compras em supermercado, mobiliário, gravadores, aparelhagens áudio, vinhos, charutos, joias, viagens e obras de arte.

    O MP destacou que Miguel Graça Moura não fazia distinção entre despesas da AMEC e pessoais, utilizando indistintamente cartões da AMEC, que integra a Orquestra Metropolitana, e de contas de que era titular.

    A acusação diz também que o maestro viajou para os Estados Unidos, Argentina, México, Tailândia e Singapura, despendendo um total de 214.377 euros.

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    1. Ó El Gato, e mais palavras para quê? Tenho vontade de 'vomitar' todos os pensamentos que me assolam o espirito e nenhum deles é bom para a justiça nem para o maestro...

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  8. Achei espectacular o texto e com sua licença vou subcrevê-lo e indicar o blog para todos que conheço.

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    1. Cara Sueli, obrigada e agradeço. Gosto que me leiam e acima de tudo que haja quem concorde comigo :)

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  9. Para quando esses filhos da /ladrões irão para a cadeia,

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  10. Mais um a ficar impune, e nós pagamos.
    Quando é que temos algém a chamar estas "gentalha" para lhes retirar o que andam a roubar?
    E depois é o trabalhador que é gastador e viveu acima das sua possibilidades e agora paga!

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  11. o Gajo foi condenado a 5 anos de prisão com pena suspensa. De onde se pode inferir que em Portugal, roubar 3/4 de um milhão de Euro ao Estado, ou um par de rabanetes num supermercado, é quase a mesma coisa.

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