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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Agora e na hora da nossa morte de Susana Moreira Marques


O livro lê-se de uma assentada; e se for transmontana/o como eu, então lê-se num ápice. Percebemos, na perfeição, a realidade de que Susana Moreira Marques fala quando fala do trabalho e dedicação das equipas de cuidados paliativos têm quando vão de aldeia em aldeia dando conforto em tantos que estão moribundos e, de certa forma, isolados. Sei perfeitamente de que cheiro é feito a terra das aldeias e lugares de trás – os - montes; sei o que custa a distância de um hospital; sei de que é feita a angústia daquelas gentes quando têm de fazer um qualquer tratamento. Sei. Mas também sei que aquilo é gente resiliente, que insiste em morrer em casa mais cedo que mais tarde num hospital, que o mimo das gentes lhes basta para acalmar a dor que se lhe cola aos osos. E parece que aceitam a morte como quem aceita as intempéries que mata o gado, as uvas, o azeite, são tudo coisas de Deus Nosso Senhor e que devemos aceitar em jeito de filho obediente. O livro está maravilhosamente escrito. Pequeno, curto, não precisa de mais. E não venham com tretas em dizer que a morte é igual em todo o lado, que não é. Há mortes e mortes. Talvez porque haja vidas e vidas. E atrevo-me a dizer que cada terra tem os seus mortos. Eu, se um dia souber que vou morrer, espero fazê-lo no terraço de casa dos meus pais, numa cadeira reclinada, uma manta sobre as pernas e os olhos no vale do (meu) douro.

2 comentários:

  1. Arrepiaste-me...gostei muito, muito.
    Quando for grande, quero escrever assim...:=)

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    1. Tu não tens espirito critico em relação a mim e és minha amiga e isso tolda-te o espirito. obrigada meu amor.

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