O livro lê-se de uma assentada; e se for transmontana/o como
eu, então lê-se num ápice. Percebemos, na perfeição, a realidade de que Susana
Moreira Marques fala quando fala do trabalho e dedicação das equipas de
cuidados paliativos têm quando vão de aldeia em aldeia dando conforto em tantos
que estão moribundos e, de certa forma, isolados. Sei perfeitamente de que cheiro
é feito a terra das aldeias e lugares de trás – os - montes; sei o que custa a distância
de um hospital; sei de que é feita a angústia daquelas gentes quando têm de
fazer um qualquer tratamento. Sei. Mas também sei que aquilo é gente
resiliente, que insiste em morrer em casa mais cedo que mais tarde num
hospital, que o mimo das gentes lhes basta para acalmar a dor que se lhe cola
aos osos. E parece que aceitam a morte como quem aceita as intempéries que mata
o gado, as uvas, o azeite, são tudo coisas de Deus Nosso Senhor e que devemos
aceitar em jeito de filho obediente. O livro está maravilhosamente escrito.
Pequeno, curto, não precisa de mais. E não venham com tretas em dizer que a
morte é igual em todo o lado, que não é. Há mortes e mortes. Talvez porque haja
vidas e vidas. E atrevo-me a dizer que cada terra tem os seus mortos. Eu, se um
dia souber que vou morrer, espero fazê-lo no terraço de casa dos meus pais,
numa cadeira reclinada, uma manta sobre as pernas e os olhos no vale do (meu) douro.
Arrepiaste-me...gostei muito, muito.
ResponderEliminarQuando for grande, quero escrever assim...:=)
Tu não tens espirito critico em relação a mim e és minha amiga e isso tolda-te o espirito. obrigada meu amor.
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