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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Gente que bebe ice tea a vender vinho


Por motivos que agora não interessam nada, dei por mim, com mais um casal completamente inapto no que a vinho diz respeito, numa loja de vinhos. Atenção, não estávamos como clientes, que não estávamos, mas sim atrás do balcão. Algo que nunca deveria ter acontecido, ou, a acontecer, não deveria de entrar cliente algum. Mas entrou. Um senhor cheio de boa vontade, com uma lista feita por um amigo, o crítico de vinhos João Paulo Martins. Ora bem, depois do ‘boa tarde’, descambamos. O senhor perguntava aquilo que não sabíamos responder. Ele queria sugestões para um jantar de amigos e dos inúmeros vinhos que eu conheço, nenhum existia lá e dos que estavam lá, eu não conhecia. A Eduarda é a pessoa mais inapta no que a vinho diz respeito, logo a seguir ao Nuno, o outro elemento deste trio triste, e desatou a pegar em todas as garrafas e a ler-lhe parte do rótulo (não fosse o senhor ser analfabeto). O Nuno falava da comida que deveria servir o vinho e até associava a carne ao tinto e o peixe ao branco. Uma sabedoria única e excecional, este rapaz! Tentamos vender o vinho pelos mais diversos motivos: aquela garrafa tinha rótulos bonitos, a outra tinha indicações de ter ganho o prémio que nunca ninguém ouviu falar, a outra tinha um design de garrafa bem giro e ainda porque sim. O que me deixa a consciência tranquila é que não enganei ninguém. Dizia-lhe, com pena na voz, que se calhar era melhor ir a outro sitio, que nós eramos umas bestas no que a vinho diz respeito e até fui capaz de lhe dizer que aquele branco, para qual ele olhava, não era bom (ao dono da loja, as minhas sinceras desculpas). Acabamos a vender-lhe quatro garrafas. Fizemos um bom dinheirinho, mas não que fossemos, em momento algum, competentes, mas sim porque estava frio, chovia granizo e o senhor não deveria de estar com disposição de ir a mais nenhum sitio. Embora a versão do senhor foi que tinha sido bem atendido. Não foi, coitado. E se eu fosse a ele, depois daquela meia hora, sentava-me no quente do meu carro e emborcava a primeira garrafa que me viesse à mão.  

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