Ora bem, vamos lá ver se a malta se entende. Eu sou católica semi
praticante (tenho dias em que sou e outros em que não sou e tenho atitudes de
uma católica que contrastam com outras pouco católicas). Repudio muita coisa na
Igreja, tais como o celibato, a rejeição à homossexualidade, a inflexibilidade
em aceitarem o aborto, entre muitos outros exemplos; e admiro-lhe a resiliência
dos que fazem da Igreja Católica a instituição que mais apoio social faz e promove
em todo o mundo (também aqui poderia dar outros exemplos). Lamento que tenha no
seu seio gente corrupta, insensível, viperina, cobarde and so one, mas também
sei que tem gente que deixa tudo para ajudar os que precisam, que alimentam
quem tem fome, que ensinam em condições sub-humanas, que estão em lugares tão inóspitos
que mais nenhuma instituição está por lá. Se calhar não seria católica se não
crescesse numa família que o é, ou se calhar até seria, não sei. Recolho-me em
Deus quando Dele preciso e nada conheço que me dê o que esses momentos me dão.
E repudio com toda a minha alma o que a igreja tem de tão desprezível e
pequeno. Entendo que deveria ter evoluído um pouco mais. Ter acompanhado os
tempos. Gostava que empreendesse um caminho de ESTAR sem questionar, creio que
seria mais por aqui. Tenho, para mim, que o Manuel quando casa com o José é de
amor que se trata, tanto quanto a Mariana com o António. E se a Francisca não é
batizada, nem por isso deixa de ser filha do ‘meu’ Deus. Acredito mais em atos
bons que em atitudes más. E tenho a mania de achar que o amor vence mais
barreiras que o ódio. Mas sei, porque não sou naïf, que onde há o Homem há a
corrupção, o mal, a inveja, a desonra… ou seja, também a há na Igreja Católica.
Mas isso não deveria abafar o que ela faz e traz de bom a este mundo. Ser-se católica
é sentimento, não é razão. É uma voz que felizmente uns têm. Isso não nos tolda
a razoabilidade. Não nos fecha os olhos. Não nos impede de criticar. Mas quando
se acredita em algo assim, que de mais parecido tem com o amor, podemos ver
onde estão os defeitos, podemos diagnosticar ponto por ponto o que detestamos,
mas isso não nos impede de continuar a gostar pelo bem que nos faz e que faz ao
mundo. Por isso, ontem chorei quando vi Francisco I, porque senti que a igreja
estava a entrar num novo paradigma que tanto precisa. Se me tiver enganado,
aqui virei dizer que me enganei redondamente, mas isso não fará de mim menos
cristã. Apenas de mim uma cristã refletida. É como ser-se de um partido e
reconhecer erros dentro dele; é como vestir a camisola do sítio onde
trabalhamos e verificarmos que afinal, e apesar de lá gostarmos de trabalhar,
nem tudo é perfeito ou bom. É como estar com aquele de quem amamos, e
verificarmos nele defeitos. Ser-se católica apostólica cristã ou sendo-se de
uma outra fé, não se explica num texto, muitas vezes nem se explica numa vida.
É-se. Sente-se. Apenas isso. E o que desejo é que aqueles que o são, que sejam,
igualmente, gente boa. Gente que olha para o outro e que do outro cuida. Apenas
isso. E para mim, o que vale é o bem, seja realizado por um cristão, um muçulmano,
um budista, um homossexual, um transsexual ou sei lá que mais.
Sei que quem não é católico não vai ler este texto na mesma
ótica em que o escrevi; e sei que quem é, vai-se rever. Também sei que que é obcecado
pela igreja, vai achar que não sou uma boa católica, mas desses não conta a
minha história.
Revi-me.
ResponderEliminarMtos beijinhos
Revi-me, muito. E aqui está o que não sabia expressar. Obrigada!
ResponderEliminar:) fico feliz. Obrigada eu.
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