Deixei a filha com a avó e organizo a minha vida para poder
chegar a casa e não fazer jantar, não arrumar cozinha, não organizar a roupa e
simplesmente mergulhar no sofá a ler ou a dormitar ou as duas coisas ao mesmo
tempo, e eis que vem de lá, algures do espaço, a consciência pesada de que se
calhar eu devia mesmo era estar com a minha filha, que a vida é desgastante,
que hoje estamos cá e amanhã podemos não estar e devemos aproveitar os filhos
ao máximo e todos os segundos do mundo. E estas coisas todas turvam a minha
felicidade de estar espojada no sofá. Andamos sempre a mil e depois ansiamos
estar, por uma noite que seja, sozinhas, entregues a nós próprias e eis que o universo
nos grita ao ouvido que se calhar devíamos estar com as nossas crias, que não
nos devíamos estar a sentir bem estando sozinhas. É assim, assumir que
precisamos de umas horas sozinhas e, mais ainda, tudo fazer para as ter, pode
surtir a ideia que não as queremos ter. Mas a verdade é que às vezes as mães
precisam de um botão para colocar no off por umas horas. Certamente para,
quando estiver On, estar com outra energia, outro vigor. Raramente preciso. Inicialmente
mesmo que precisasse nada fazia para ter este tempo, mas agora, não só assumo
que preciso como organizo de forma a poder ter noites como esta em que vos
escrevo. Só ainda não consegui fazer com que a consciência não me pesasse ao
fazê-lo.
Como é que me lês os pensamentos??
ResponderEliminar:) somos parecidas, certo? Até na angústia!
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