Enquanto escrevo este post ouço
Arnaldo Antunes com a música A Casa é Sua, e é provável que seja influenciada
por aquilo que ouço. Normalmente, a música influencia-me tanto ou mais que a
lua. As minhas marés são internas e auditivas. Uma coisa estranha, mas tão real
(poderia, por causa da música que ouço escrever ‘reau’)!
A felicidade como conceito, tem
estado na ordem do dia dos meus pensamentos. Inicialmente pensei que fosse das
hormonas de quem tem uma filha ainda pequena; depois pensei que era um estado
passageiro, como os estados febris. Agora é altura, pela persistência, de
refletir um pouco sobre esta coisa que se me pegou à mente para não me largar.
Tenho tentado andar contra a
maré. Pareço que vou no Alfa naqueles bancos que vão no sentido contrário à
marcha: primeiro estranhamos e depois da dor de cabeça instalada, acabamos por
nos habituar. Sinto meio mundo triste. Abatido. Sem dinheiro. Sem opções. E
perante isso, apetece-me tentar ter uma atitude mais positiva. Obrigo-me a um
ânimo que por vezes custa a sair. Exijo ter uma atitude mais leve.
Contracorrente. Pensava num tema base para uma revista pela qual tenho
responsabilidades. Optei logo pelo Otimismo. A partir daí, sempre que o digo
aos colaboradores riem-se. Questionam-me. Acham que ensandeci. Mas depois
entram na onda e mergulham comigo. E fazem-me chegar textos maravilhosos.
Simplesmente maravilhosos. Hoje foi um desses dias. Um colaborador mandou-me um
texto sobre a felicidade (continuo a ouvir Arnaldo Antunes frenético e tenho
vontade de dançar com ele). Esse colaborador escreve a dada altura «Para aprender a ser feliz, temos de ser
positivos! As pessoas positivas são aquelas que, apesar das ocorrências da
vida, encontram espaço para aproveitar as oportunidades de felicidade que
criam, ou que a existência lhes proporciona. São capazes de vencer obstáculos e
desenvolver emoções positivas que lhes permitem lidar melhor com as adversidades».
Eu acredito piamente nisto. Acredito que a atitude com que nos deparamos
perante as adversidades é meio caminho para as conseguirmos, ou não, vencer. Ando
mergulhada neste otimismo que parece esquizofrenia. Pareço a Maria de Lá
Salete, amiga dos meus pais lá na terra que, coitada, sofrendo de uma
enfermidade mental grave, passa a vida a dizer: ‘Um dia destes enlouqueço!’ E
sempre que ela diz isso, penso que naquele momento, achando-se saudável, ela
vence a sua mente debilitada. Protege-a. Gosto desta contramaré. Gosto. Acabou a
música do Arnaldo. Acaba-se a minha prosa.
Nota: quando sair a revista prometo publicar aqui o texto
completo e nome deste colaborador
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