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terça-feira, 2 de abril de 2013

Tarantino (e Ricardo Adolfo)


Eu tenho uma pancada desgraçada pelo Tarantino. É assim similar à pancada que estou a estabelecer pelo Ricardo Adolfo. Absorvo, vejo, revejo tudo e depois consigo farejar, a uma distância considerável, a sua assinatura. Ontem vi o Django Libertado. É fácil reconhecer no filme a marca insane de Tarantino. Aliás, coloquem-me uma venda nos olhos e mostrem-me um minuto do filme e reconheço-lhe o jeito e as manias. Não é apenas capacidade minha, mas sim de muitos mais consumidores deste tipo de realização. Um pouco como com Ricardo Adolfo, onde o interessante não é a história que escreve, mas a forma como o faz, aqui também a historia conta pouco, porque importa, sobremaneira, a forma magistral com que constrói as personagens e com que as conduz. Vê-se o filme e pensamos que o tipo deve divertir-se à brava com aquilo que faz. Se calhar nem é assim: se calhar angustia-se, dilacera-se e quase morre ao realizar, mas o importante não é o que acontece de real, mas aquilo que nos leva a pensar que aconteceu. Vai-se pela magia, quando vemos um filme dele. E o sangue, mesmo que jorre com grandes excessos, e mesmo que aquilo seja quase a brincar, e que ele se deslumbre por umas coboiadas, poucos filmes de quase três horas passam como se fosse uma horita bem passada. E já não vou falar da bando sonora… dizem que se chatearam, o Tarantino e o  Ennio Morricone, mas eu gosto de pensar que não passa de um arrufo de dois grandes senhores, às vezes acontece quando as almas são gigantes (agigantando o mau feitio).
Vale tanto a loucura de Tarantino! vale toda a nossa boa disposição.

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