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segunda-feira, 24 de junho de 2013

Em modo sobrevivência


A minha filha foi, pela primeira vez, com a escolinha à praia. Esta frase parece simples, mas, na minha cabeça (será melhor dizer coração?) é tudo menos simples. Dormi mal, embora a tenha acordado com um grande sorriso na boca e tenha dito ‘filhota, hoje é dia de praia com os teus amigos’ quando podia dizer ‘filhota, não preferes ficar na escolinha que eu prometo que te deixo dez chocolates para te entreteres?’. Mantive-me em cima das minhas sandálias altas sem soçobrar enquanto ela entrava, minúscula, no autocarro. Olhei bem para o motorista a ver se tinha cara de boa pessoa porque todo o mundo sabe que as boas pessoas conduzem melhor que as mal-encaradas. Meti-lhe mil beijos na testa e mais três mil nas bochechas. As minhas amigas gozam comigo e eu explico que ela foi para a praia de Paço de Arcos e todos sabem que essa praia tem ondas de dez metros, tubarões e orcas a rondar. Liguei para a educadora (uma querida, que me deu o numero dela porque achou, estou mesmo a ver, que eu podia não sobreviver à manhã e ela não quis lidar com uma criança órfã de mãe) apenas três vezes em duas horas. Não sei muito bem o que dizer que abone a meu favor, talvez que ela tem, naquele seu corpo minúsculo, toda a minha vida, meus sentimentos, meu coração, minha cabeça e, a ver, também toda a minha ansiedade.

Talvez amanhã seja diferente. Ou não.
(este podia ser um post limetree se eu tivesse conseguido fazer a ligação, mas hoje nada consigo, nada. Por isso, não é)

2 comentários:

  1. Sinto-me muito menos sozinha!!!
    como a entendo:(
    Gisela

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    Respostas
    1. É horrível, não é? Mas temos de os deixar ir... custa mas tem de ser :)

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