Páginas

sábado, 19 de outubro de 2013

Criar o espanto


Tenho feito um caminho, por vezes mais tortuoso, outras menos, relativamente ao facto de ficar de consciência tranquila quando deixo a minha filha na avó durante a noite, para que eu vá jantar fora, ou faça um jantar em casa, ou vá ao cinema ou simplesmente precise de ficar sozinha. Esta problemática que vejo a sair mais, muito mais, da boca das minhas amigas que dos meus amigos, é uma constante nas redes sociais, nas conversas de café e beu beu beu. Tenho aprendido a relativizar a situação, que inicialmente me carcomia por dentro, num misto de ‘nem estou com a minha filha nem me estou a divertir, por não estar com a minha filha’. Mas esta coisa da maternidade é uma aprendizagem que se vai fazendo na medida em que a criança cresce e a mãe envelhece. Cada dia novos desafios, novas questões e temos de repensar, refletir, arrepiar caminho se for caso disso. No entanto, sobre o deixa-la na avó (que ela gosta muito), para que eu possa fazer uma atividade qualquer, tenho conseguido andar em frente. Ontem foi noite de Chá com Letras na Luchapa. A nossa convidada foi a Catarina Beato e tive a sorte de ter lá duas amigas (esta e esta) que me deram a mão neste projeto. A filha ficou com a avó. Vivi a noite como queria ter vivido. Acordei cedo para lhe encher o quarto de balões que a Rita C. fez questão de me dar já no final da noite (correto será dizer principio da noite) e quando a minha filha chega a casa, ainda cedo, e entra no seu quarto e vê mais de vinte balões, criou-se o espanto nela. Ficou a dizer ‘óba, óba, que lindo mamã!’. E mandou-se para os balões como se fossem uma nuvem.

Ontem foi uma grande noite para mim. Hoje foi uma grande manhã para a minha filha, porque amar é isto: criar espanto sem deixarmos de ser quem somos.

1 comentário: