Tenho feito um caminho, por
vezes mais tortuoso, outras menos, relativamente ao facto de ficar de
consciência tranquila quando deixo a minha filha na avó durante a noite, para
que eu vá jantar fora, ou faça um jantar em casa, ou vá ao cinema ou
simplesmente precise de ficar sozinha. Esta problemática que vejo a sair mais,
muito mais, da boca das minhas amigas que dos meus amigos, é uma constante nas
redes sociais, nas conversas de café e beu beu beu. Tenho aprendido a
relativizar a situação, que inicialmente me carcomia por dentro, num misto de ‘nem
estou com a minha filha nem me estou a divertir, por não estar com a minha
filha’. Mas esta coisa da maternidade é uma aprendizagem que se vai fazendo na
medida em que a criança cresce e a mãe envelhece. Cada dia novos desafios,
novas questões e temos de repensar, refletir, arrepiar caminho se for caso
disso. No entanto, sobre o deixa-la na avó (que ela gosta muito), para que eu
possa fazer uma atividade qualquer, tenho conseguido andar em frente. Ontem foi
noite de Chá com Letras na Luchapa. A nossa convidada foi a Catarina Beato e
tive a sorte de ter lá duas amigas (esta e esta) que me deram a mão neste projeto. A filha ficou
com a avó. Vivi a noite como queria ter vivido. Acordei cedo para lhe encher o
quarto de balões que a Rita C. fez questão de me dar já no final da noite
(correto será dizer principio da noite) e quando a minha filha chega a casa,
ainda cedo, e entra no seu quarto e vê mais de vinte balões, criou-se o espanto
nela. Ficou a dizer ‘óba, óba, que lindo mamã!’. E mandou-se para os balões
como se fossem uma nuvem.
Ontem foi uma grande noite para
mim. Hoje foi uma grande manhã para a minha filha, porque amar é isto: criar espanto sem
deixarmos de ser quem somos.
Que surpresa bonita lhe preparou.
ResponderEliminar