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sexta-feira, 29 de novembro de 2013

amor longo vs amor curto


 Sempre que digo que aquele casal com quem tenho andado a fazer um trabalho está junto há 55 anos, quase todas as minhas amigas suspiram frases do género ‘que bonito’, ‘oh, a sério’ e ‘acho o máximo’ e ficam com os olhos a brilhar. Eu sou a azeda da coisa. Aquela que acha que o tempo numa relação não diz grande coisa. No limite, pode mostrar o quanto resilientes são. Conheço quem esteve menos tempo, pouco tempo, um tempo curto mas envolto numa linda relação amorosa. O tempo é apenas o tempo. Naturalmente, que acho um amor longo um amor bonito, mas deixa cá ver se conheço muitos… hum… pois… não conheço de todo, talvez dois e mesmo assim, num deles tenho duvidas.

Porque é que é bonito uma relação longa? Porque não é bonito uma relação curta? E o que é que o tempo vale numa relação?

Eu admiro mais quem tem a ousadia e a coragem de por fim a uma relação em busca de um amor, talvez melhor, mesmo quando as normas sociais ditam que é no aguentar que está o ganho. Admiro amigas que tenho que, num caminho mais ou menos solitário meteram maos à obra e conseguiram, contra ventos e marés, serem hoje mais felizes do que eram quando estavam casadas.

Deve ser por isso que quando vejo um casal de velhinhos na rua de mãos dadas afirmo, contra os ‘que bonito’ das minhas amigas: ‘se calhar conheceram-se no lar há meia dúzia de dias’. Atirem-me pedras, mas muitas das relações apenas perduram no tempo porque são constituídas de cobardia, de medo em ir em busca de melhores dias, porque tem-se filhos, porque a mãe não ia entender, porque o pai iria ter um enfarte, porque o marido ganha bem, porque a vizinha iria falar pelos cotovelos e beu beu beu... e, acima de tudo, porque às vezes é mais facil continuar que colocar um ponto final.

Ah, a mulher do casal que conheço e que está junto há 55 anos diz: qual amor à primeira vista, qual carapuça. Falamos um com o outro e definimos muito bem o que queríamos, isto logo no inicio e depois a vida foi passando.

4 comentários:

  1. Adorei! Porque não há nada como uma visão sincera para ser real. :)

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  2. Eu nisso sou muito romântica. Gosta de histórias comuns compridas, mas têm de ser bem recheadas e vividas. Estou sempre a ver e rever, a comparar com o passado (o presente tem de ser sempre ou igual ou melhor de preferência) e a planear o futuro que quero que tenhamos. Mas concordo plenamente quando diz que muitas relações perduram por cobardia ou por decisões assumidas. Eu não conseguiria ser assim (já mo provei no passado) e por isso dá tanto trabalho relacionar-se com outrem. E não é só nisso dos casais, mas também dos amigos...

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