O que me atraiu naquela
esplanada foi o frio. Tenho um apelo especial por esplanadas em dias de sol de
Inverno, em que primeiro pegamos no chá para aquecer as mãos e ficamos com elas
à volta da chávena minutos a sentir o calor. Depois vai-se bebericando e
aquecendo e eu gosto, como se tivesse cinco anos, de respirar forte e ver o
fumo sair da minha boca como se eu fosse uma chaminé. Gosto de me enrolar num
cachecol e ficar ali, apenas eu e os fumadores, a ver a vida a passar.
Atraiu-me essa esplanada hoje, depois de uma reunião na escola da minha filha.
E foi isso que fui buscar na fria esplanada: a serenidade de quem apenas
observa o filme sem entrar nele.
Sabe tão bem, ver que me
estendi na cadeira tanto quanto pude e com a chávena com o chá de limão a
aquecer-me, fiz planos, elaborei metas, estabeleci limites (o que no meu caso é
sempre de salutar) e depois fechei os olhos. Deixei-me adormecer por segundos e
nesses segundos não foi o frio que senti, mas o sol a queimar-me a cara, a
beijar-me o cabelo ou Deus a dizer-me para serenar que tudo vai correr bem.
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