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sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

dos meus dias

Ando por aqui, na aldeia, entre o lume e a cama e livros e revistas e comida e filha (ordem completamente trocada) e penso que era capaz de viver esta vidinha para sempre. Acordo cedo para trabalhar no livro que tenho em mãos. A companhia de um chá quente ajuda-me a abrir os olhos e a por o pensamento em dia. Depois dela - a filha -  acordar, tudo muda. Não há mais computador até ela ir dormir a sesta. Volto ao computador e às palavras e tento fazer o melhor comboio possível com elas. Nem sempre consigo e irrito-me. De quando em vez vou à civilização. Tomo um cappuccino e fico ali a ver as pessoas a andarem no compasso típico de uma cidade. Absorvo tudo e chega-me por uns dias. Volto à clausura da aldeia e amo. Gosto de ir às laranjeiras buscar laranjas (pois, haveria de ser o quê, limões?) fresquinhas sempre que me apetece um sumo de laranja. E são estes os meus dias, quase parados, quase sem noticias, quase sem ter assunto para aqui despejar. O meu telefone não tem sms. É como se eu tivesse sido esquecida. De quando em vez lá chega uma noticia de longe. Gosto. Afinal não me esqueceram. É bom.

Lisboa está longe, mais longe do que realmente a distância dita.

Já disse que era bem capaz de viver aqui, numa aldeia sem civilização à volta, com apenas quatro canais, laranjas à porta e o acordar lento e frio?

6 comentários:

  1. eu não seria certamente, pelo menos não a tempo inteiro. mas sempre que há oportunidade, 4 ou 5 dias nessa tranquilidade sabem-me pela vida. aproveita. :)

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    1. eu, à medida que vou envelhecendo, vou querendo mais dias desta tranquilidade. primeiro também me chegava 4 ou 5 dias, mas já não chega :)

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