- Quanto tempo acha que vai demorar a
entrevista?
E eu respondo:
- Cerca de meia hora se tudo correr bem.
Ao que ele me responde:
- É muito tempo, tenho dez minutos.
Ora bem, se tinha dez minutos
devia tê-lo dito quando marcamos a entrevista. Até porque sendo ele jornalista
saberá, certamente, o que conta dez minutos. Enfim, não demorei muito mais
porque gosto pouco de dissecar mortos. Mas saí a pensar nesta coisa de se ser
alguém sem tempo que não diz que ‘não’ a nada e depois, na verdade, nunca está
por completo em lado nenhum.
A meio da entrevista, algures
ali entre o quarto minuto e o sexto, só lhe via defeitos na pele, nas mãos, no
casaco. Até tentei ver se a entretela da gola estava empolada. O fato era de
bom corte. Não havia entretela defeituosa. Depois ele tentou sorrir, sem grande
enfase ou sentimento, diga-se de passagem, mas senti que tentou. Mas aí eu não
tentei mais. Perguntei o que tinha a perguntar e deixei de lado as perguntas
que o fariam sobressair, ou que nos faria sobressair.
Agora já me passou a fúria e já
só penso nas prendas de natal que vou fazer na minha máquina de costura pela
noite dentro, quando a minha Mary estiver a dormir o sono dos justos e eu na
companhia da minha boa música. Agora só penso no meu serão que me vai,
certamente, curar e me restabelecer de todas as pancadas do dia. A vida encerra
estes pequenos dramas e a idade ensinou-me a metê-los debaixo do tapete.
devemos é dar apenas a importância que as coisas têm. relativizar. já passou. venham as prendas de Natal. :)
ResponderEliminarnem mais. Obrigada :)
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