Acabei de chegar dos sem-abrigo
e estou com os pés quase dentro da lareira. Gelados que parecem cotos. Penso no
Luís, um dos sem-abrigo, que tinha uma árvore de natal na rua onde vive, ali
debaixo da lua a dividir o espaço com um poste. A árvore singela tinha uma fita
prateada e o Luís ria muito. Endireitou a fita e voltou a rir. Ele faz poemas
para a Leonor e ri uma vez mais. Fiquei muda. Ele agradece e diz, por tudo e
por nada, ‘se Deus quiser’. E volta a rir. O Luís deve ter os pés frios e não
tem lareira para se aquecer, mas ainda não perdeu o Natal dentro dele.
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