Ontem ligaram-me da escola a
dizer que a minha filha estava doente. Fui busca-la mas como o médico só a
podia ver mais tarde, resolvi trazê-la para o trabalho. Tinha umas coisas
urgentes para fazer e achei que era o melhor sítio para esperar a hora de a
levar ao médico. Perguntam-me que à vontade é este de pensar no espaço de
trabalho como sítio onde trazer uma criança de 3 anos. É simples, todos trazemos
quando algo surge nas nossas vidas e quando não podemos levar para mais lado algum.
Aqui, ficou entregue a quem tinha mais disponibilidade, entre um abraço e um
beijo, um riso e um jogo no computador enquanto eu fui trabalhando no que tinha
de trabalhar. Ela foi andando de secretaria em secretaria medindo a
disponibilidade das minhas colegas, e eu nem senti o tempo a passar. Ela também
não. Chegou a hora e fomos embora para o médico. Dizem-me amiúde que tenho sorte,
que em muitos sítios não têm essa possibilidade. Acho um erro crasso de quem
manda, porque uma cria perto de uma mãe, com conta e medida, claro, é meio
caminho andado para uma funcionária motivada e focada. Nada ficou por fazer
neste cantinho onde trabalho pelo facto da minha filha ter estado cá. Como nada
fica quando A ou B trazem os filhos por não terem outra hipótese. Tudo se faz
quando se sabe que há apoio. Isto de trabalhadores empenhados não tem a ver só
com o salário (cada vez tem menos a ver com o salário) mas com aquilo a que
apelido de apoio sentimental. Esta nova época em que vivemos está voltada para
um afeto que é fundamental. Sinto-me impelida a dar mais a quem me dá, a afagar
quem me afaga.
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