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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

do amor


Tenho uma amiga que me lê. Coitada. Ela é amiga, percebem? A amizade acarreta certas e determinadas responsabilidades para além de sacrifícios. E como me lê eu tenho sempre em atenção o que ela me diz sobre aquilo que escrevo. E dizia-me: tens de escrever sobre relações. Não foi um pedido, ou uma sugestão, foi uma ordem.  Eu não percebo nada de relações. Absolutamente nada. Nos tempos idos em que achava que percebia, apenas estava imbuída da idade com as certezas que julgamos ter. Com o envelhecimento, nada mais é certo, nada mais sei, e acho que não é mau não saber. Gosto da surpresa da vida. Há relações que eu acho que têm tudo para dar certo e dão errado. Há outras que eu não dou um cêntimo por elas, e estão cá ano após anos. Há acontecimentos que acho insuperáveis e que se superam; há pequenas coisas que parecem não fazer mossa mas corroem até à alma. Há gente que nunca se deveria de juntar e se juntam. Há pessoas que se complementam e não se suportam. Nada sei das relações. Das relações dos outros ainda opino, com a sabedoria dos estúpidos e de quem está de fora e não sabe o que vai dentro do convento. Da minha nem sequer opino. Vivo-a. Por isso, podem pedir-me receitas, sugestões de livros, que fale de crochet, ou mesmo da maternidade, de como se vive com cada vez menos, o que é ser-se funcionária publica, mas não me peçam para falar de relações porque, como diz a Anabela Mota Ribeiro: não se iludam, viemos a este mundo para viver uma grande história de amor. E eu acho que só cada um sabe qual é a sua história de amor. E quando não se vive, que vivencia é esta?
 

4 comentários:

  1. Adorei. E devias escrever mais vezes sobre relações :)

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  2. Eu cá acho que quem está à espera de viver uma linda e bela história de amor pode, inevitavelmente, passar ao lado dela. Também acho que as coisas estão muito para além daquilo que queremos fazer delas e que devemos ter mais tempo para aproveitar e viver as coisas, mais do que pensar nelas. As pessoas vão surgindo e os amores, assim como as relações, existem subitamente e são sempre surpreendentes. :)*

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    1. concordo, pode-se passar ao lado, mas a busca também pode dar resultados. Acho que deve ser uma busca serena, sem grandes tumultos de alma :)

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