Acho sempre que os bolos têm
uma ligação íntima com que os faz. Tenho uma tia, a tia Palmira, que faz o
melhor bolo de laranja do mundo. Já me deu a receita. Já o fiz, mas fica a
léguas do dela. O da Raquel é assim. Fala-se neste ou naquele bolo de maçã, mas
o da Raquel é que vale, esse é que está no pódio conquistando os três primeiros
lugares. No meu dia de anos, a Raquel e a Rita, que é a irmã, fizeram-me chegar
a casa um bolo inteirinho. Deu-me para o choro. Senti-me egoísta com ele. Não o
queria dividir mas também não o queria comer. Não queria que acabasse. Deixei-o
inteiro o tempo que fui capaz de lhe resistir. Fui comendo-o com parcimónia.
Hoje levei para o trabalho a ultima fatia. Comi-a aos poucos, depenicando às
migalhas como se eu fosse um projeto de pássaro acabado de nascer.
Aquele bolo funciona, em mim,
como um abraço quente, aquele abraço que acalma os meus temores internos.
Obrigada Raquel e Rita. Não
esquecerei.
(Nota: para quem quiser
experimentar ou comprovar o que digo, este bolo existe no Chá da Barra Villa,
no palácio do Egipto, centro da Vila de Oeiras. Mas vão prevenidos, uma fatia
jamais chegará)
e continua a existir n'A Chaleira?
ResponderEliminarJá não. Agora existe perto daí, no centro de Oeiras, no salão de chá - Chá da Barra Villa. Vale mesmo a pena, juro. Fica ao pé da Igreja Matriz.
EliminarEu, que nem gosto de canela, vou lá da próxima vez que for a Lisboa :)
ResponderEliminareu faço questão em te levar lá.
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