Páginas

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Um jantar memorável


Há uns anos resolvi fazer um mega jantar para comemorar o meu aniversário. Passei dia e meio a fazer bolos e petiscos e coisas para enfiar pelo bucho e cheguei à noite mais morta do que viva. Na sala tinha uma mesa comprida cheia de tudo e mais um par de botas, na cozinha reinava mais comida e como era muita gente, enchi o frigorífico com comidas mil. As pessoas começaram a chegar de vários quadrantes da minha vida, parte deles não se conheciam. Achei que iria correr tudo bem. Animei-me com um copo de vinho tinto do papá (ou dois ou três). A dada altura, quase sem dar por isso, tinha a casa cheia de pessoas que eu tanto gostava. Conversa aqui, conversa acolá e a noite foi passando com bastante álcool à mistura. A S. chegou atrasada e disse, logo da entrada da porta: Fumo erva, por isso, vou para a varanda. Algumas amigas mais conservadoras olharam para mim escandalizadas. Eu voltei a beber mais um copo. Cerca das 02h00 da matina, a R pensou em ir ao meu quarto, onde estavam todos os casacos e malas em cima da cama, buscar a sua mala e casaco para se ir embora. A porta do meu quarto encontrava-se fechada. Veio ter comigo. Com esforço lembrei-me de uma amiga, a M, que se sentiu um pouco maldisposta e foi deitar-se na minha cama… com o namorado. Entusiasmaram-se e ficaram por lá. Tentei bater à porta ao de leve, mas a porta não se abriu e de dentro vinham uns sons meio abafados. Desisti explicando à R e a todos os que começaram a pensar em irem embora que, certamente, o fogacho desapareceria em breve. Tínhamos de aguardar um pouco. Três da manhã. Quatro da manhã. Cinco da manhã e já havia malta encostada à parede, outros a dormitarem no sofá e lembro-me de ouvir a C contestar a raiva generalizada enquanto dizia: eu acho bonito eles fazerem o amor em casa de outras pessoas. Às seis da manhã lá saíram os pombinhos do quarto, ela com uma cor rosada e meia afogueada e ele um pouco comprometido. Despediram-se como se nada fosse. Depois deles foram os restantes. Uns furiosos e outros a rirem. O álcool ajudou a levar a coisa a bem. Deitei-me depois de mudar os lençóis da cama.

Esse jantar foi falado durante meses e confesso que depois do que aconteceu tenho receio de voltar a fazer qualquer tipo de jantar de aniversário.

Daqui a três dias faço anos. Penso se quero fazer algo. Primeiro penso que quero, mas depois penso que tenho amigos que pensam que a minha casa é a Pensão Amor e deixo-me de isso.

3 comentários: