O meu
irmão diz que demorou dez anos a conseguir fritar uma alheira em condições. Eu
percebo, porque demorei muito mais tempo a conseguir fazer a aletria como a
minha mãe faz. As tentativas foram muitas e frustrantes. Ninguém faz a aletria
que ela faz, mole, cremosa e assim um sabor para lá do paraíso. Via-a a fazer.
Tirava notas. Fazia sob o seu olhar e nada, nada de nada. Perguntam, que tal
escrever a receita? Fazia sentido se a minha mãe não fizesse tudo a olho. Depois
acontece um fenómeno estranho: não obstante de ver aletria nos supermercados em
Lisboa, nunca consegui ir a um restaurante ou casa de amigos que tivessem
aletria para sobremesa. Nunca percebi quem comprava a aletria na grande cidade.
Ainda hoje, vinte anos a viver a sul, desconheço um único restaurante que tenha
aletria no menu. Depois de várias tentativas e não sei como, a mão fez-se. Já consigo
fazer como ela. E agora parece que me imbui da missão de dar a conhecer esta
iguaria de Trás –os – Montes aos amigos. Sempre que posso, faço.
Servidos?
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