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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Eu até entendo...

...as medidas de austeridade;
....até entendo que estas, e outras que poderiam ter sido tomadas, tinham de se realizar.
...que o país está a pique.
...que este é o nosso país e temos de dar o nosso melhor por ele.
...e que o futuro pode não ser brilhante.
...e que... e que... e que...
O que eu não entendo...
é aquele jeito arrogante, aquela veia na testa sisuda, aquele ar de quem nos está a fazer um grande favor por parte do primeiro ministro. Numa hora tão triste para todos nós e quando nos pede sacrificios, nada mais normal do que sentirmos alguma dor, algum sentimento, algumas palavras mais ternas por parte dele, alguma comunhão de sentimentos. Há na sua atitude, uma crispação que me faz revoltar as entranhas por tamanha incapacidade de demonstrar afecto pelo seu povo.
Se temos de ver o país como uma casa e o povo como uma familia, então, se meu pai me pedisse contenção e sacrificio sabia, pelo menos, que me pediria com jeito, explicando tudo, exaurindo-se na dor e sei que, no fim, sairiamos mais unidos que nunca. Aquele senhor, não faz ideia do que é ser um líder, não faz a mais pequena ideia do que deve ser um governador. Não sabe que não é fraqueza mostrar sentimento. É força. É capacidade. É grandeza.
Muitos são os que lideram em tempos de abundância. Só alguns sabem liderar em tempo de crise. E Socrates não é um deles.

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