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quinta-feira, 2 de junho de 2011

A Humilhação

Tenho uma grande pancada pelo Philip Roth. Se o livro ‘Casei com um Comunista’ me fez adora-lo, o ‘O Animal Moribundo’ prostrou-me a seus pés. E para manter esta adoração por um escritor que escreve como se nos falasse ao ouvido, de forma clara mas certeira, de forma simples mas intensa, de forma ampla mas picante, fui bafejada pelo livro A Humilhação. Aqui os temas são recorrentes no P. Roth, a velhice, a decadência física, o sexo sempre tão presente. Mas não é um sexo romântico, daquele meio dito e meio imaginado, é um sexo cruel, duro, é frontal. Roth já não precisa provar nada a ninguém e neste a Humilhação mostra um homem de 65 anos, um ator aclamado, grande, cheio de si que um dia deixa de conseguir fazer bem o que sempre fez de forma mestra: atuar. E isso fez dele um resto de homem incapaz de viver sem saber ser grande e pensa em suicidar-se. Pensa mas com ganas de racionalidade. Racionalidade esta que o leva a auto- internar-se numa clinica para suicidas. Mais tarde sai e reencontra a filha lésbica de um casal amigo. E envolve-se com ela. Esgota-se nela. É um estar físico que o eleva, que faz colocar para trás das costas as suas incapacidades atuantes. Vive para ela. Bajula-a. Mima-a. Ultrapassa-se. O sexo é mais e mais e cada vez mais o ultrapassarem barreiras. Tentar saber se conseguem ir mais longe. Até que… pois, até que é abandonado. Ao ler o livro, vai-se apoderando de mim a ideia que Simon, a personagem, vai morrer. Que vai morrer de uma forma única, soberba, espetacular como se de um ato se tratasse. Imagino-o que vai dar o último suspiro em cima da rapariga lésbica que ensina a arte do sexo. Ele merecia morrer assim: montando-a, mas não. Não será este o fim do livro. E por isso Roth não desilude porque não vai ao nosso encontro: segue apenas o caminho que quer e esse, caros leitores, esse é sinuoso.

2 comentários:

  1. Terminei-o recentemente e adorei:

    http://numadeletra.com/29061.html

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    1. Eu também gosto muito e só ainda não consegui ler o seu ultimo livro porque não o quero acabar de ler nunca...

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