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sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Hasta la vista baby!


Comecei a apaguei varias vezes este post. Aliás, este post que agora escrevo não sei se vai chegar a velho, que é como quem diz chegar ao fim. Não sei se chego a meio e penso: ora bolas, não é isto. Não estou a conseguir meter aqui dentro o que sinto. Como me sinto. O que senti e como me senti. E pumba, apaga-se mais uma e outra vez. E como tal aqui estou eu, inebriada (ainda) pela minha hora de almoço e a tentar, a custo, leia-se, descrever o que é, para mim, comum dos mortais, fumar um fabuloso e excelente charuto. Vamos por partes.
O sítio - Casa del Habano na expo
O sítio é a cidade dos charutos. Lá vivem os charutões e os charutinhos. Os chefes dos charutões são os Cohiba- Churchill. Grandes e valentões. Grossos e que duram imensooooo tempo a serem fumados. Grandes demais para o meu gosto. Depois temos uns mais comezinhos. São a força motriz da cidadezinha. São os que funcionam como uma pausa entre esta nossa labuta. Estivemos ali indecisos entre uns Trinidad e uns San Cristóbal de La Habana. Como os primeiros eu tenho em casa, fomos para os segundos. O sítio, a cidade dos charutos, começou a encher-se de cheiro das fábricas que labutavam, chaminés essas que eram as nossas bocas. Entre uma conversa e outra, íamos desbastando os ditos e na boca ia ficando um travo, leve, mas ao mesmo tempo intenso, pela personalidade que acarreta o raio do charuto. Em mim foi-me subindo da boca até ao cérebro e fui-me inebriando naquele momento prazenteiro.
O dono
Não lhe perguntei o nome. De resto foi o que faltou perguntar. Ele, vamos chamar-lhe Che para ser um nome que nos remete logo para Cuba, é um tipo que nos coloca à vontade (que é diferente de ser à vontadinha). Acompanha no fumar. Che fala dos mergulhos. Das viagens. Dos charutos. Dos pormenores que este mundo encerra e o tempo vai passando de forma bem, mas mesmo bem passada. Depois percebo que já nos tínhamos cruzado numa outra ocasião. E o mundo é uma bolinha. E na cidade dos charutos, a bolinha é mesmo pequenina. Ó Che, falta a musiquinha. Apenas a musiquinha.
A companhia
Podia dizer muito e ao dizer muito, não dizia nada. Digo apenas que seria a única pessoa capaz de entender o que uma hora como esta podia fazer à minha alma e isso é conhecer bem. Obrigada.

Eu
Dei por mim a pensar na minha filha. A pensar se algum dia ela vai gostar de fumar um charuto ou nem por isso. Com que idade vou querer preparar um charuto para ela fumar? Aos 18? Aos 20? Irá ela ser uma amante destes pequenos prazeres que não é a carne que nos dá mas o ar sem oxigénio que sai de folhas sabiamente enroladas? Foda-se, a vida tem encerra estes pequenos prazeres que depois não gastamos as vezes que deveríamos. SE calhar, se o fizéssemos, não sentiríamos tanto prazer. Ou será que isto é um preconceito? Esta ideia mórbida que o prazer muitas vezes vivido deixa de ser prazer e passa a ser hábito? Não sei… sei que tudo o que faço e gosto eu quero que minha filha, um dia, no tempo certo, o faça.  Sei que às vezes basta desligarmo-nos do mundo e irmos para um sítio beber um bom vinho, ouvir uma boa música e fumar um bom charuto para, nessa hora, tudo em absoluto, ser relativizado. O raio da divida, o semi subsídio de natal, o divórcio na família, o preço da gasolina, a porra das calças que já não servem, o vestido que desbotou, a artrite e o facto de estar a pastar há anos e anos na vida profissional. Que me valha estas horas de puro prazer. E pelo prazer que tive sei que repetirei. Como tal… hasta la vista, baby.


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