Hoje há
jantar em casa de um casal amigo. Começamos por dizer que a ideia era juntar a
malta (coisa que fizemos há uns parcos 15 dias) porque as saudades são muitas
(pois claro) e reu-béu-béu pardais ao ninho. O que só eu e a Xana (a dona da
casa onde vai decorrer o jantar) sabemos é que o jantar é para colocar frente a
frente, como se a sala da casa dela fosse o campo pequeno, o meu recém-divorciado
irmão e duas (sim, duas, há que ter poder de escolha) solteironas amigas da
Xana. Temos guardado bem o segredo. Eu só tenho de levar uma sobremesa e o meu
irmão, e ela tem de fazer o jantar e colocar em casa as suas amigas. De resto,
ninguém mais entende porque não somos só os de costume, porque têm de ir as
outras moças ao que a Xana disse, e bem, que a casa é dela e convida quem ela
quer. E eu concordo, pois claro. E até coloquei uma máquina de lavar a roupa
quase vazia (impensável em mim) com meia dúzia de coisas só para colocar a
camisa do meu irmão que mais gosto de lhe ver. E passei-a com preceito e ele
olhou-me de lado e estranhou. Estranhou mas nada disse. Vamo-nos lendo de cor. E
já agora fui-lhe dizendo como ficava bem nas calças beges que comprou na semana
passada. ‘Ah, mas são muito compridas’, ‘ ah, mas eu faço uma bainha’, respondi
prontamente. E fiz. Montei a máquina de costura e pela noite dentro fiz uma
bainha perfeita, não vá a rapariga ser minhoquinhas com estas merdas. Porque sou
eficiente quando meto uma coisa na cabeça e eu quero que ele vá ao jantar lindo
e maravilhoso e de preferência que goste de uma das moças e que seja reciproco.
Depois, eu também gostava de gostar, mas vou tentar pôr isso para detrás das
costas. Mas que lhe fazia bem, fazia, sendo certo que não será um grande amor,
porque depois de um grande amor nunca vem outro grande amor… depois de um grande
amor vem alguém que nos cure. Apenas isso. Vem uma enfermeira. Mas isso, ah,
isso já é muito.

Sem comentários:
Enviar um comentário