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segunda-feira, 14 de maio de 2012

Quinta do Couqinho e Abafadinho, quinta da Alorna (coisas boas, portanto).



Se vos contasse o meu fim de semana, iriam achar que nada na minha vida é normal, que vivo numa montanha russa, que os altos e baixos de que é feita a minha vida nem são reais. Não vou… não vos interessa, certamente, aliás, nem a mim me interessa rever partes do meu fim de semana. Simplesmente quero fazer delete delas. Matá-las. Colocar uma cruz em cima e seguir em frente. E se ontem isso me parecia quase impossível, hoje com este sol, com o pequeno-almoço com a E, como o riso da minha filha logo pela manhã, é mais do que possível. Por isso, aquilo que me proponho partilhar com os meus queridos leitores é o vinho Quinta do Couqinho. Sim, é de vinho que vos quero falar. Na verdade, não é bem só de vinho, mas de como há pessoas que com os seus gestos nos curam em alturas e momentos que nem elas sabem que nos estão a curar.

Quando fiz anos, em Fevereiro, uma das prendas que recebi de um amigo (que adoro) foram três garrafas: colheita Tardia Quinta da Alorna, Quinta do Couquinho Reserva e Abafadinho, Quinta da Alorna (5 anos). Mas havia um modus operandi para as beber: tinha um email com uma sugestão de refeição e nessa sugestão dizia que entrada deveria fazer para ser acompanhada pela Colheira Tardia Quinta da Alorna, uma comida que deveria preparar e a acompanha-la deveria ser com Quinta do Couqinho e por fim, uma sobremesa a ser acompanhada pelo Abafadinho. Desde Fevereiro até este fim de semana ainda não tinha tido a disponibilidade mental para levar a cabo esta tarefa e foi no sábado, numa de cura, que me propus a fazer esta refeição. Falhei numa coisa, comecei a cozinhar acompanhada de uma caipirosca de vodka preta e não consegui passar para a Colheita Tardia, ficou para outra altura, mas as entradas foram as sugeridas: queijos, presunto, salpicão, marmelada e doce de abobora. Tudo coisas que nos fazem bem à alma. Simples. E a Caipirosca estava uma delícia. Seguindo, o prato, que não faço ideia do nome, era um entrecosto com grão-de-bico e couve lombarda (coloco a receita um dia destes). Uma coisa levezinha, como podem imaginar. Nada pesado para um sábado à noite. Mas isso são pormenores. E estava ótimo. Maravilhoso. E foi acompanhado com um tinto Quinta do Couqinho. Um vinho muito, muito feliz. Daqueles que ao primeiro golo sentimos necessidade de fechar os olhos para o absorver com toda a dedicação, com todo o pormenor, com toda a atenção. E ele nunca desilude. É um vinho macio, suave, mas ao mesmo tempo com personalidade. Sei que tenho amigas que devem estar a chamar-me louca neste preciso momento, mas a verdade é que os vinhos, tal como os pratos/receitas, têm personalidade. E marcam ou não. E este marca. Tinha bebido mais se tivesse, mas não fui capaz de abrir outro vinho porque senti que se o fizesse deixava de o ter na boca, e isso não queria. DE uma coisa tenho a certeza, irei comprar umas garrafas para aqueles dias em que sentada na minha varanda, com a lua por companhia, faz falta um vinho que me leve ao colo a alma. Depois de sobremesa tentei fazer uns pasteis de nata que me saíram miseravelmente, e que deveriam ter a acompanhar o Abafadinho. Esqueçam os pasteis. O abafadinho foi suficiente para, bem fresquinho, acompanhar-me durante o resto do serão. É um doce que não fica colado à garganta e tem um leve, muito leve, travo de mel. Uma delícia. E restante ficou em repouso no meu frigorífico para outras noites, noites quentes, deste verão que parece estar a começar.  Deitei-me feliz. Leve e serena. Certa que há pequenos nadas na vida que fazem a diferença. Que há pessoas na nossa vida que são tesouros que devemos tratar bem. Devemos cuidar. Devemos dizer que gostamos. E deitei-me muito tranquila e domingo acordei mais forte. E ainda bem, se assim não fosse ter-me-ia destruído um pouco. Mas aguentei firme o embate. Aguentei.

(tirei fotografias, que colocá-las-ei logo à noite)

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