Quando fiz
anos, em Fevereiro, uma das prendas que recebi de um amigo (que adoro) foram três
garrafas: colheita Tardia Quinta da Alorna, Quinta do Couquinho Reserva e
Abafadinho, Quinta da Alorna (5 anos). Mas havia um modus operandi para as beber: tinha um email com uma sugestão de
refeição e nessa sugestão dizia que entrada deveria fazer para ser acompanhada
pela Colheira Tardia Quinta da Alorna, uma comida que deveria preparar e a
acompanha-la deveria ser com Quinta do Couqinho e por fim, uma sobremesa a ser
acompanhada pelo Abafadinho. Desde Fevereiro até este fim de semana ainda não
tinha tido a disponibilidade mental para levar a cabo esta tarefa e foi no sábado,
numa de cura, que me propus a fazer esta refeição. Falhei numa coisa, comecei a
cozinhar acompanhada de uma caipirosca de vodka preta e não consegui passar para
a Colheita Tardia, ficou para outra altura, mas as entradas foram as sugeridas:
queijos, presunto, salpicão, marmelada e doce de abobora. Tudo coisas que nos
fazem bem à alma. Simples. E a Caipirosca estava uma delícia. Seguindo, o
prato, que não faço ideia do nome, era um entrecosto com grão-de-bico e couve
lombarda (coloco a receita um dia destes). Uma coisa levezinha, como podem
imaginar. Nada pesado para um sábado à noite. Mas isso são pormenores. E estava
ótimo. Maravilhoso. E foi acompanhado com um tinto Quinta do Couqinho. Um vinho
muito, muito feliz. Daqueles que ao primeiro golo sentimos necessidade de
fechar os olhos para o absorver com toda a dedicação, com todo o pormenor, com
toda a atenção. E ele nunca desilude. É um vinho macio, suave, mas ao mesmo
tempo com personalidade. Sei que tenho amigas que devem estar a chamar-me louca
neste preciso momento, mas a verdade é que os vinhos, tal como os
pratos/receitas, têm personalidade. E marcam ou não. E este marca. Tinha bebido
mais se tivesse, mas não fui capaz de abrir outro vinho porque senti que se o
fizesse deixava de o ter na boca, e isso não queria. DE uma coisa tenho a
certeza, irei comprar umas garrafas para aqueles dias em que sentada na minha
varanda, com a lua por companhia, faz falta um vinho que me leve ao colo a
alma. Depois de sobremesa tentei fazer uns pasteis de nata que me saíram miseravelmente,
e que deveriam ter a acompanhar o Abafadinho. Esqueçam os pasteis. O abafadinho
foi suficiente para, bem fresquinho, acompanhar-me durante o resto do serão. É
um doce que não fica colado à garganta e tem um leve, muito leve, travo de mel.
Uma delícia. E restante ficou em repouso no meu frigorífico para outras noites,
noites quentes, deste verão que parece estar a começar. Deitei-me feliz. Leve e serena. Certa que há
pequenos nadas na vida que fazem a diferença. Que há pessoas na nossa vida que
são tesouros que devemos tratar bem. Devemos cuidar. Devemos dizer que gostamos.
E deitei-me muito tranquila e domingo acordei mais forte. E ainda bem, se assim
não fosse ter-me-ia destruído um pouco. Mas aguentei firme o embate. Aguentei.
(tirei
fotografias, que colocá-las-ei logo à noite)

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