Há mães e mães, eu sou uma 'e mãe'

Ligaram-me do infantário a informarem que a minha filha estava doente. Disseram que tinha as mãos inchadas e que tinha vomitado. Liguei para o pediatra dela que me mandou ir com ela à urgência. E o que é que eu fiz? Saí do trabalho rumo ao infantário e peguei nela e levei-a ao hospital; o que é que as outras mães fazem? Vão a casa e metem num saco fraldas, cremes, cobertores, livros para entreterem as crianças, lápis de cores, chuchas, leite, água, papa, sopa e tudo o que as suas crianças podem querer. Nunca se sabe se vamos por lá ficar uma hora ou quatro e deve-se ir prevenida. E vão, vão todas menos eu. Depois, a minha filha quer o livro que a A ou a B tem e eu tento entretê-la. Ela não me quer ouvir, só quer o livro. E eu vou à papelaria comprar um. Depois quer a chucha. E eu vou à parafarmácia do hospital comprar. Depois tem fome e eu preciso arranjar moedas para a máquina que tem comida e bebidas. Não há moedas. Toca a ir comprar uma revista para mim com 10 euros para ter trocos. Pego nas moedas e vou para a máquina. Quer as bolachas do Ruca. Compro as bolachas do Ruca. Chamam para fazerem análises. Tem de se mudar a fralda. Não levei fraldas. Têm de me dar uma fralda. Pergunto se há máquinas de fraldas. Olham para mim de lado. Faz análise. Espera-se pelo resultado. Hora de almoçar. Fome, muita fome. Vou buscar cerelac que existe na máquina. A cerelac está fria. Quer morna. Onde aquecer? Vejo uma mãe com um termo e  sua comida quente para o seu filho. Fico angustiada. Vou ao café. Peço para aquecerem. Aquecem, quando chego à sala, já têm o resultado das análises. Vigiar. Ir para casa e vigiar. Pronto, com olhares a queimarem-me as costas, saí do hospital. Agora só volto lá com uma peruca loira.