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terça-feira, 12 de março de 2013

A lição


Na sexta-feira fui a uma cerimónia de tomada de posse de uma associação da qual falarei um dia destes. Durante a cerimónia, houve um momento musical simplesmente maravilhoso. Uma rapariga com um vozeirarão daqui à china acompanhada de um contrabaixo cantava Diana Krall (Dady e Jorge Vasconcelos, fixem estes nomes porque vão ouvir falar deles). A sala estava muda e vi, em alguns olhos, comoção. A dada altura a moça cala-se assim a meio de uma música. Cala-se para pegar numa folha e dizer:

 - Desculpem, mas eu tenho de fazer isto bem! Eu ensaiei e sei que consigo fazer bem e esta música merece que o faça de forma correta.

E da mesma forma que parou, recomeçou. Houve um pequeno burburinho. A cerimónia era oficial e houve, por ali, algum desconforto e eu simplesmente tive vontade de bater palmas. Dizer-lhe que poucos têm a coragem de assumir que estão a ir mal. O mais comum seria, certamente, engonhar, meter umas oitavas a cima, ou umas oitavas a baixo, disfarçar e seguir em frente como se nada tivesse acontecido. Estou certa que metade da sala, já para não dizer a sala toda, jamais iria perceber. Mas ela quis parar. Ela sabia que não estava a ir bem. Parou. Assumiu e recomeçou. Para mim, aquilo foi uma lição de humildade. Uma lição que só algumas pessoas conseguem dar porque só algumas pessoas conseguem perceber que insistir no erro pode ser um erro bem maior. Era bom que se aprendesse com a lição. Eu aprendi. Eu gostei. E tentarei parar de cada vez que sentir que o caminho não é este.

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