O filme A Vida de Adele é um
murro no estômago ao mesmo tempo que é uma ode ao amor mais carnal, mais
normal, mais belo, mais doloroso, mais dramático, mais infantil, mais adulto,
ou seja, possui os ingredientes que, quem já amou, sabe de que consta esse
prato.
Adele é uma miúda no início do
filme e uma mulher no fim (sim, também é um filme sobre a descoberta sexual,
que não começa necessariamente com a primeira relação sexual… A descoberta
pode-se dar bem mais tarde ou mesmo nunca acontecer). Se no principio achava
que era heterossexual, no fim sabe apenas que ama independentemente do sexo do
objeto amado (aqui objeto como Ser). Adele vive numa sociedade que ainda se
rege pela norma de homem-mulher, como se o amor ou a tusa, ou o tesão ou o sexo
não pudesse ser igualmente ‘normal’ entre duas mulheres (ou dois homens). Mas
um dia, num belíssimo momento do filme, após uma não menos bela apresentação de
uma aula de literatura sobre o amor à primeira vista, Adele, ao atravessar uma
estrada, apaixona-se por um ser, por acaso, apenas por mero acaso, esse ser é
uma outra mulher.
O filme mostra o desenrolar da
paixão, da descoberta da sexualidade de uma e do arrebatamento da outra. E
mesmo quem, como eu, não tem nenhum preconceito relativamente à homossexualidade,
fica-se derreado com a certeza absoluta de que quando se ama, o amor é igual a
todos os outros ditos mais normais. A
fase da paixão, da descoberta do prazer do seu corpo, do outro corpo, as
dificuldades em viver-se a dois, o ciúme e mesmo as fases de declínio. É, em
absoluto, tudo igual. E o curioso é que, no fim, dificilmente vemos um filme
como duas lésbicas, mas sim como dois seres que se amaram e que fizeram um
percurso que, muito provavelmente muitos de nós já o fez.
Eu que sempre gostei de filmes
franceses vejo-me deliciada por, nos últimos anos, os dois filmes que mais me
marcaram serem europeus (de frança): Pequenas Mentiras Entre Amigos e A Vida de
Adele.
Fui com a Marta e às três horas
de duração do filme juntaram-se mais duas em que não conseguimos deixar de falar
o quanto ele nos marcou, nos deliciou, nos intrigou e nos deleitou.
Atenção: a pelicula contem sexo
explicito, se é uma pessoa pudica, fique em casa a ver o Portugal dos
Pequeninos na TV.
Eu e a minha amiga Marta depois da 'sova' do filme |
um post que fala de cinema francês, que refere o filme "Pequenas Mentiras Entre Amigos" e que aconselha um filme sobre o amor e a paixão, é um post perfeito. :)
ResponderEliminarPartilhamos gostos e esta é uma boa partilha. Até porque nãohá muita gente a gostar do cinema frances. obrigada
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