o tempo que o tempo me dá

O tempo não é igual em todo o mundo. Aqui, em Oeiras, ele passa mais rapidamente e veloz do que em Trás-os-Montes. Mas por vezes, nem sei porquê nem quem tem a capacidade de provocar esta magia, o tempo que tenho em casa dos meus pais chega a minha casa e o dia corre lenta e vagarosamente. E eu gosto. Passa-se isso neste sábado, onde acordei tarde e já fiz mil coisas entre elas rebolar no sofá com a minha filha que continua doente. O sol trouxe-me ao de cima o pensamento de doméstica e já fiz das máquinas de roupa e já a estendi. Já ouvi boa musica, já li vários livros à minha bichana, já arrumei, limpei, ri, olhei atempadamente e olho para o relógio do computador e são 12:47. O tempo às vezes dá-me este bónus de o sentir pastosamente, lento, bom de se viver. Daqui, nesta mesa em que vos escrevo, olho para a minha filha e vejo-a com uma saia de tule de bailarina por cima do fato treino e a dançar no meio da sala. A televisão tem os bonecos dela e a aparelhagem tem a minha música. The National, claro, que agora são a minha mais recente paixão musical. Já escolhi que bolo vou fazer para os meus anos que vou festejar com os meus amigos. Já disse que nem 13h são? Adoro este bónus de tempo que o tempo me dá. Dá-me poucas vezes. Parte da minha vida é feita numa perfeita (imperfeita, desculpem) correria, entre montanhas e vales que perfazem a minha existência.

Hoje o tempo presenteou-me com um vagar que me lambe a pele e me acaricia a alma.

Bom sábado, queridos leitores

Filha com dois anos. Fotografia by www.lightstudium.com