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sábado, 29 de março de 2014

Quando o amor comove


Quando o convite me chegou, fiquei sem palavras. Não estava a contar. Ambas tinhamos outras amigas e, na verdade, a relação era recente. Olhei-a e tive vontade de chorar e fiz aquilo que faço quando as lágrimas se assomam aos olhos: rio e salto e histerizo um pouco. E quando, mais calma, lhe perguntei ‘queres mesmo que seja tua madrinha de casamento’, acho que esperava que ela me dissesse que tinha sido uma brincadeira, que afinal não, que fora um lapso. Mas não. Ela manteve o sim com uma convição que não voltei a duvidar. Fiquei verdadeiramente feliz por ela não se ter levado pelo tempo, pelas convenções e, mais ainda, por ter percebido que eu estou verdadeiramente feliz com o seu amor. Que da minha parte tudo farei para que aquela união perdure para além dos tempos e, acho mesmo, que nem a morte os vai separar. Quem ficar, ficará a moer aquele amor para sempre. Por isso, ir hoje com ela comprar o vestido de casamento era mais do que solene, mais do que intenso, era, à partida, um momento muito cumplice. Rimos. Falamos a serio. Falamos a brincar. Comemos (impossível não o fazer com ela). Esmiuçamos pensamentos e depois de mil vestidos nos passarem pelos olhos, paramos naquele. Ambas gostamos e ela quis prová-lo. Era a primeira prova do dia. Estáva pronta para a ver provar mil vestidos, mas quando ela sai do provador tive vontade de chorar. Acho que não tive capacidade para lhe dizer nada inteligente. A primeira coisa que me passou pela cabeça foi que talvez ela não visse como estáva luminosa e bela. E temi que ela não sentisse o que o meu olhar me estava a fazer sentir. Peguei num catalogo. Começei a desdenhar toda a restante roupa e só parei quando ela me disse: ‘é este’. Ela vira o que eu vira. Era aquele. E como aqueles flash que dizem que aparecem quando estamos com os pés para a cova, eu vi tudo, mas não tudo o que passou mas o que se vai passar. Vi a Marta linda a olhar para o Rui. E Rui a não ver mais nada a não ser aquela Marta linda a olhar para ele. E ambos vão ter vontade que pais e padrinhos desfaleçam por momentos para que se possam amar, ali, naquele momento, o momento do primeiro olhar. Vi o rui a dizer-lhe mil vezes durante a cerimónia que ela é a mulher mais bela do mundo. E vão beijar-se. Vão fazer mil promessas. E eu vou, pela terceira vez, ter vontade de chorar. E nesse dia vou fazer-me a vontade. Vou abandonar o corpo à emoção. Ah se vou!

2 comentários:

  1. Que bonita história de amor ao quadrado. A da vossa amizade e a do amor da Marta e do Rui. Felicidades ² é o que vos desejo *

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  2. As histórias de amor constroem-se assim, diante dos nossos olhos. E é impossível não ficar emocionada, mesmo sem estar aí. :)*

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