Páginas

quarta-feira, 28 de maio de 2014

eu, os meus pais e o blog


Os meus pais não fazem a mínima ideia do que é um blog. Eu digo que tenho um e eles aquiesçam com a cabeça e depois seguem para um outro assunto. Quando disse que do blog iam sair uns textos para um livro com duas amigas, quiseram saber quem eram as amigas. Porque a amizade é que importa ‘vejam lá se continuam amigas no fim de tudo’, foi o conselho. Não lhes importam os textos. O que escrevo ou não escrevo. Quando lhes disse que se lessem o livro iam ficar um pouco aborrecidos porque eu às vezes escrevo umas asneiras, minha mãe disse: e que necessidade tens? E logo o meu pai defendeu: isso são coisas dela. É assim. Eles vivem em Trás-os-Montes, sabem de cor as regras da natureza para os vinhedos. A minha mãe percebe melhor do que um Adria Ferran qual a temperatura perfeita de um forno de lenha para assar determinado cabrito; meu pai olha para as uvas ainda nem bagos tem e antevê doenças ou felicidade; minha mãe consegue remendar umas calças de ganga com estilo. E faz a melhor sopa do mundo, já para não falar nos legumes salteados. Meu pai manda-me pelo autocarro cerejas para que eu não tenha de as comprar aqui ‘e não têm produto’, acrescenta, pagando um balúrdio. Não sabem o que é um blog e desconfio que ainda não me leram. No entanto, tenho os melhores pais do mundo, porque sabem quando o terreno é deles, quando é nosso e quando é apenas meu. Sem interferências. E posso continuar a dizer asneiras porque ‘são coisas minhas’, não é papá?!

4 comentários:

  1. É mesmo assim, esse amor incondicional, gratuito e maravilhoso!!!
    Um beijinho!

    ResponderEliminar
  2. As minhas também já me chegaram de Sendim pela rodoviária. São biológicas, dizem eles. Parabéns pelo blogue. Regina.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Regina, obrigada. E fique por aqui, que eu vou gostar. beijinhos

      Eliminar