Quando era miúda os meus pais
davam-me, no início do ano letivo, óleo de fígado e bacalhau. Não sei se por
isso, a verdade é que nunca estava doente. Eles acreditavam que era o frasco
milagroso que me afastava das gripes e enfermidades típicas dos miúdos. Vencia
estoicamente as mudanças de estação. Lembro-me de uma noite, teria uns sete ou
oito anos, despir-me e ir para a minha varanda numa noite fria de janeiro em
pleno Trás – os - Montes e passar lá grande parte da noite e a ver se no dia
seguinte, uma súbita constipação, me afastava da escola. Nada feito. Estava
como nova, apenas com muito sono pela noite ao relento. Aliás, ainda hoje, com
quatro décadas em cima do pelo, não sou dada a constipações. Talvez por esta
minha realidade (e a verdade é que não somos mais do que o que o nosso mundo
nos ensinou), quando ontem, num convite muito simpático da Sofia, me deparo com
a apresentação das vitaminas da Absorvit, todo um manancial de memória assolou-me
em catadupa. Assim que soube que uma contém o tchan - óleo de fígado e
bacalhau, pensei de imediato na minha mini. Senti toda a minha memória em
ebulição. Voltei aos idos dias de pequena em casa dos pais. E veio uma decisão:
vou dar à minha criatura o que os meus pais me deram. Quem sabe ela não
passa melhor este inverno. Não sei se vai resultar, que não sei. Mas vou tentar.
Quero agradecer à Sofia, uma
vez mais e às minhas companheiras de vida, Marta e Ana. O caminho assim é tão
mais interessante.
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