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sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Às vezes esta coisa de se viver não é mais do que andarmos em círculos

 Quando era miúda os meus pais davam-me, no início do ano letivo, óleo de fígado e bacalhau. Não sei se por isso, a verdade é que nunca estava doente. Eles acreditavam que era o frasco milagroso que me afastava das gripes e enfermidades típicas dos miúdos. Vencia estoicamente as mudanças de estação. Lembro-me de uma noite, teria uns sete ou oito anos, despir-me e ir para a minha varanda numa noite fria de janeiro em pleno Trás – os - Montes e passar lá grande parte da noite e a ver se no dia seguinte, uma súbita constipação, me afastava da escola. Nada feito. Estava como nova, apenas com muito sono pela noite ao relento. Aliás, ainda hoje, com quatro décadas em cima do pelo, não sou dada a constipações. Talvez por esta minha realidade (e a verdade é que não somos mais do que o que o nosso mundo nos ensinou), quando ontem, num convite muito simpático da Sofia, me deparo com a apresentação das vitaminas da Absorvit, todo um manancial de memória assolou-me em catadupa. Assim que soube que uma contém o tchan - óleo de fígado e bacalhau, pensei de imediato na minha mini. Senti toda a minha memória em ebulição. Voltei aos idos dias de pequena em casa dos pais. E veio uma decisão: vou dar à minha criatura o que os meus pais me deram. Quem sabe ela não passa melhor este inverno. Não sei se vai resultar, que não sei. Mas vou tentar.


Quero agradecer à Sofia, uma vez mais e às minhas companheiras de vida, Marta e Ana. O caminho assim é tão mais interessante. 

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