Num Outro Tom é um filme que
está por aí a granjear más críticas. Ai e tal está cheio de clichés, dizem os críticos
de cinema. Mas afinal o que é que queremos de um filme? Que nos predisponha?
Que nos eleve? Que nos faça sair da nossa vida? Que nos aumente a cultura? Que nos
faça rir? Que nos faça sonhar? Que, que que... Os filmes, tal como a música e
os livros, os espectáculos, até o mar, servem para muitas coisas. Todas ligadas
ao sentimento. Puxam para cima ou para baixo, muitas vezes puxam para os lados.
E a verdade é que o filme Num Outro Tom está cheio de clichés, mas que
mal tem? Qual o problema dos clichés? Porque é que os filmes para terem boas críticas
têm todos de ter um pouco de Fellini? Ou Orson? Às vezes as coisas assim para o
primitivo, para o sentimentaloide, predispõe, faz-nos uma ponte na nossa vida,
faz-nos sonhar. Eu fui ver o filme e gostei. Não saí de lá a achar que era uma obra-prima,
que não é. Não saí de lá a achar que tinha de comprar o DVD para rever em dias
chuvosos agarrada ao meu cobertor, que não saí. Não saí de lá a achar que daqui
a um ano ainda me vou lembrar dele, que não deve acontecer, mas saí alegre e
feliz. E alimentou-me o sonho. O romance. Soltou as endorfinas (já que não
corro…). E é isso que muitas vezes quero quando pago o bilhete de cinema. Que
faça o tempo voar. E fez. E bastou-me. Se calhar sou assim pro facote e uma
sentimentaloide. Presente. Mas basta-me, num filme, que me faça feliz por hora
e meia. E fez.
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