Eram 14h36 do dia 8 de março de
2010 quando soube, num simples telefonema para a clínica, que estava de bebé. E
eu, que sou uma feminista aguerrida e sê-lo-ei enquanto as desigualdades
coexistirem neste mundo, passei a dar a este dia um outro significado. Talvez
tenha sido obra do Universo dar-me uma menina. E que menina! Vou dando-lhe as
possibilidades de ser quem quiser ser: digo-lhe que todas as profissões são
boas, que há o amor de menino com menina e de menino com menino e menina com
menina. Que nada está mal desde que se respeitem. Que não deve apenas
encanitar-se com as desigualdades que lhe mordem os calcanhares, que vê-las ou
senti-las em outras pessoas é motivo de igual revolta e luta; digo-lhe que é
bom ser mulher. Que a amo. Que a amo assim, sem tirar nem por, tudo o que a
constitui. Que ela pode tudo, desde que se esforce. E se não conseguir, que não
faz mal, é o caminho que vale a pena… Sei que se a educação não pode tudo, pode
muito. E que é a educação que delineia parte do que serão no futuro. Por isso,
neste dia, quem é mãe ou pai, se colocou qualquer coisa no seu mural sobre o
Dia da Mulher, que esse não seja um gesto estéril na educação do seu educando. Que
é em casa que mais pode fazer para que, num futuro próximo, as desigualdades sejam
inexistentes. E que a minha Maria e outras Marias como a minha tenham as mesmas
possibilidades, lutas, devaneios, estrutura profissional que os António e Maneis
deste mundo.
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