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segunda-feira, 11 de junho de 2018

Vai um manjerico?

Quando era miúda o meu pai levava-me, todos os anos, a Vila Real, ao São João. Por um motivo que me ultrapassava, para além de uma fartura e voltinhas nos carrosséis, ele dava-me um vaso com manjericos que morriam, invariavelmente, nos dias consequentes. Primeiro diziam que morriam porque os cheirava. No ano seguinte já não os cheirava embora não entendesse o motivo de uma flor cheirar tão bem e depois não lhe poder meter o nariz. Morriam na mesma. Diziam que era porque lhes tocava com afinco. No outro ano apenas lhes tocava com leveza. Morriam. Então era porque deitava água a mais. Depois era água a menos... o que importa é que todos os anos, no São João, lá íamos até à cidade comer umas farturas, beber um sumol e regressava a casa sempre de espírito animado e com um vaso de manjericos. Hoje fui à feira inserida nas festas populares de Oeiras. A minha filha andou de carrossel, comemos uma fartura e comprei-lhe um manjerico. Fi-lo sem pensar muito. Só quando a vi com o vaso na mão cheia de cuidados é que viajei no tempo. Vi-me pequena novamente. Olhei para todo o recinto das festas com um olhar infantil, assoberbado, cheio de espanto. Há uma certa magia quando nos sentimos filhas naquilo que fazemos enquanto mães. Há mesmo. 

1 comentário:

  1. Manjericos. Compro todos anos para os meus filhos. Ficam ali na janela da cozinha (que nem é das que apanha mais sol) num vaso com água, não os tiro do vaso com que vem, apenas coloco esse vaso noutro vaso e vou regando. O segundo vaso tem sempre água. Os miuds cheiram e tocam de qualquer maneira e guess what? NÃO MORREM! Quantos menos cuidados melhor, só regar e po-los à luz :)

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