Quando era miúda o meu pai levava-me, todos os anos, a Vila Real, ao São João. Por um motivo que me ultrapassava, para além de uma fartura e voltinhas nos carrosséis, ele dava-me um vaso com manjericos que morriam, invariavelmente, nos dias consequentes. Primeiro diziam que morriam porque os cheirava. No ano seguinte já não os cheirava embora não entendesse o motivo de uma flor cheirar tão bem e depois não lhe poder meter o nariz. Morriam na mesma. Diziam que era porque lhes tocava com afinco. No outro ano apenas lhes tocava com leveza. Morriam. Então era porque deitava água a mais. Depois era água a menos... o que importa é que todos os anos, no São João, lá íamos até à cidade comer umas farturas, beber um sumol e regressava a casa sempre de espírito animado e com um vaso de manjericos. Hoje fui à feira inserida nas festas populares de Oeiras. A minha filha andou de carrossel, comemos uma fartura e comprei-lhe um manjerico. Fi-lo sem pensar muito. Só quando a vi com o vaso na mão cheia de cuidados é que viajei no tempo. Vi-me pequena novamente. Olhei para todo o recinto das festas com um olhar infantil, assoberbado, cheio de espanto. Há uma certa magia quando nos sentimos filhas naquilo que fazemos enquanto mães. Há mesmo.
Manjericos. Compro todos anos para os meus filhos. Ficam ali na janela da cozinha (que nem é das que apanha mais sol) num vaso com água, não os tiro do vaso com que vem, apenas coloco esse vaso noutro vaso e vou regando. O segundo vaso tem sempre água. Os miuds cheiram e tocam de qualquer maneira e guess what? NÃO MORREM! Quantos menos cuidados melhor, só regar e po-los à luz :)
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