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sexta-feira, 29 de abril de 2011

amor à ciência política

Uma amiga, que sabe que tenho um blogue questionou-me porque nunca escrevo sobre política quando é um assunto que gosto. Deixou-me a reflectir e a verdade é que escrevo pouco exactamente por gostar tanto. Explico. Gosto de ciência política, o que move, os ideais, a construção de uma sociedade, a democracia, a monarquia, o pensamento estruturado, o repensar o presente, o construir o futuro. Tudo isto e mais ainda é política. É, para ser mais exacta, ciência política. Fascina-me quando, de repente, aparece alguém que nasceu para nos fazer crer, para nos dar algum alento. Os fenómenos Obama mexem comigo. Leio tudo o que se passa na Islândia, no Brasil, O Lula,  Sá Carneiro, Churchill… Os politicamente incorrectos também lhes acho piada desde que não me governem, tais como o Sílvio Berlusconi. Mas o que se passa, actualmente, em Portugal, ultrapassa a ciência política, ultrapassa, até se quisermos, a política simples porque nos actos, nos discursos, a verborreia destrói a educação de um povo. A sua conquista. Aquilo que se conquistou no 25 de Abril, é repisado diariamente pelos políticos da nossa praça. Aquilo que se ensina a um filho, é estruturalmente colocado na berma pelos nossos políticos. O que se diz e como se diz, fazem uma mossa profunda na democracia. Não se apercebem, mas quando chamam ‘foleiro’ a um Presidente da República estão a denegrir profundamente esta instituição; quando se recusam a falar uns com os outros sendo eles que nos representam, estão a cuspir em nós; quando mentem, quando denigrem, quando destroem a verdade aniquilam mais um pouco a sociedade que os elegeu. E o que se passa hoje em Portugal, é que não se trata de um confronto de ideias aquilo a que assistimos diariamente, trata-se a um profundo aniquilamento de uma ideia de cidadania. Não me revejo no que vejo. Os nossos políticos deveriam, grande parte deles, ser julgados pela desconstrução profunda com que diariamente cavam na nossa vida pública. Eles não sabem, mas quando, com leviandade, nos mentem, nos enganam, não fazem só com que deixemos de acreditar neles, ou no partido que representam, estão, também (e isto é que é grave) a meter uma bala directamente no coração da democracia, da linda Ciência Política.
Por isso, sim, gosto de Ciência Política mas essa não vive em Portugal.

1 comentário:

  1. Em ciência politica não há nenhuma cadeira de psiquiatria?Se não há, deveria haver para poder ser aplicada em Portugal.Matéria não falta...

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