Páginas

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

partidas e chegadas

No dia em que minha mãe foi para casa o meu irmão saiu de casa. Casas distintas, informo. A alegria de ver minha mãe ir para casa contrastou com a tristeza de ver meu irmão sair da dele. Da que foi sua durante 15 anos. Onde, pelas paredes, ficou o muito que viveu. Ele não quis falar. Eu não insisti. Pensei que gostava que ele fosse assim, como eu: um tanto ou quanto desprendida. Quando tenho de partir, parto. Deixo para trás o passado e saio. Sou um pouco como a Rita Ferro diz ser: saiu de casa três vezes, mesmo em alturas em que a casa era dela. Sair dava-lhe liberdade que uma casa não compensa não sentir. Vai e leva as cortinas, unicamente as cortinas que remodela para caberem noutras janelas. Sei que sou também assim. E por isso, de tanto ir em frente e não ficar a mastigar as dores, por vezes caio, abandono-me numa tristeza onde carrego todas as partidas do mundo.

Sem comentários:

Enviar um comentário