Já lá vão uns aninhos desde que
li Que Grande Banquete e logo de enfiada li o Rotters’Club do Jonathan Coe.
Depois, não sei porquê, não voltei a ler nada dele embora tenha adorado estes
dois livros. Inglês no humor e inglês no pessimismo, é um escritor que faz as delícias
de quem, como eu, sofre de grave perturbação de humor (não exageremos:
semi-grave). Os livros oscilam entre nos fazer rir e nos fazer chorar. A
política (a inglesa, claro está) vive paredes meias com o desassossego das
personagens. E eu gosto. Pronto, gosto, mas deixei-o adormecido algures na
minha estante. Bastou a entrevista do Pedro Mexia ao J. Coe que saiu na revista
do Expresso do passado fim de semana para fazer renascer a vontade de o voltar
a ler. E bastou a entrevista para me rir e quase chorar, porque ele é assim,
meio inocente e meio naïf ‘quando escrevo sobre personagens masculinas
tendo para o autorretrato (…) Quando crio uma personagem masculina, empresto-lhe
os meus piores aspetos, enquanto às personagens femininas atribuo os melhores
aspetos das mulheres que conheço’, ei-lo na sua transparência e no seu
humor. O motivo da entrevista (por mim podia não haver motivo algum, bastavam-me
os dois à conversa – o Mexia e o Coe) foi o novo livro ‘A vida privada de
Maxwell Sim’, um tipo divorciado, tímido, reservado e que se apaixona por a única
mulher que o compreende: o seu GPS. Delicioso. Pelo meio da entrevista Coe
explica que o livro são várias histórias, algumas vividas pelo próprio ou por
amigos. A dada altura, no livro, a personagem tenta sociabilizar-se com um
homem que o tenta roubar e o Coe explica ‘A história do ladrão é verdadeira: um
amigo meu foi assaltado num parque e ficou triste porque pensava que o ladrão
era apenas uma pessoa que queria falar com ele’. A solidão no estado mais puro.
E deste modo obcequei e quero, muito, este livro. Parece-me uma boa escolha
para a rentrée… rentrée?!? Bem, eu não vou fazer rentrée nenhuma, mas fica bem
esta palavra no texto.
Esteve ontem na minha mão... Os 18 euros que me pediram por ele, obrigaou-me a abandoná-lo...
ResponderEliminarPedagogia, se quiseres empresto-te os outros dois... sabes como me contatar:)
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