Páginas

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Jonathan Coe de volta ao meu aconchego


Já lá vão uns aninhos desde que li Que Grande Banquete e logo de enfiada li o Rotters’Club do Jonathan Coe. Depois, não sei porquê, não voltei a ler nada dele embora tenha adorado estes dois livros. Inglês no humor e inglês no pessimismo, é um escritor que faz as delícias de quem, como eu, sofre de grave perturbação de humor (não exageremos: semi-grave). Os livros oscilam entre nos fazer rir e nos fazer chorar. A política (a inglesa, claro está) vive paredes meias com o desassossego das personagens. E eu gosto. Pronto, gosto, mas deixei-o adormecido algures na minha estante. Bastou a entrevista do Pedro Mexia ao J. Coe que saiu na revista do Expresso do passado fim de semana para fazer renascer a vontade de o voltar a ler. E bastou a entrevista para me rir e quase chorar, porque ele é assim, meio inocente e meio naïfquando escrevo sobre personagens masculinas tendo para o autorretrato (…) Quando crio uma personagem masculina, empresto-lhe os meus piores aspetos, enquanto às personagens femininas atribuo os melhores aspetos das mulheres que conheço’, ei-lo na sua transparência e no seu humor. O motivo da entrevista (por mim podia não haver motivo algum, bastavam-me os dois à conversa – o Mexia e o Coe) foi o novo livro ‘A vida privada de Maxwell Sim’, um tipo divorciado, tímido, reservado e que se apaixona por a única mulher que o compreende: o seu GPS. Delicioso. Pelo meio da entrevista Coe explica que o livro são várias histórias, algumas vividas pelo próprio ou por amigos. A dada altura, no livro, a personagem tenta sociabilizar-se com um homem que o tenta roubar e o Coe explica ‘A história do ladrão é verdadeira: um amigo meu foi assaltado num parque e ficou triste porque pensava que o ladrão era apenas uma pessoa que queria falar com ele’. A solidão no estado mais puro. E deste modo obcequei e quero, muito, este livro. Parece-me uma boa escolha para a rentrée… rentrée?!? Bem, eu não vou fazer rentrée nenhuma, mas fica bem esta palavra no texto.

2 comentários:

  1. Esteve ontem na minha mão... Os 18 euros que me pediram por ele, obrigaou-me a abandoná-lo...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Pedagogia, se quiseres empresto-te os outros dois... sabes como me contatar:)

      Eliminar